O juiz Rafael de Almeida Rezende, da Central de Custódias do Rio, converteu nesta segunda-feira (16) a prisão em flagrante para preventiva de Lourival Ferreira de Lima, 67 anos, Bruno Santos de Lima, de 41, Manoel Vitor Silva Soares, de 32, e Daris Fidelis Motta, de 46 anos.
Eles são acusados pelo sequestro, morte e ocultação de cadáver do policial Renato Couto, de 41 anos.
Na decisão, o magistrado destacou a violência do crime e os sinais de premeditação na hora de praticá-lo.
“Diante de todos os elementos informativos colhidos até o presente momento, em que pese o evidente protagonismo de Lourival e Bruno, há indícios da participação efetiva de todos os custodiados na prática do delito. Destaque-se ainda o motivo fútil e a aparente premeditação do crime, cometido de forma brutal e covarde”, disse em trecho.
“Segundo o relato da testemunha presencial, mesmo após a vítima já se encontrar ferida por PAF e quase desfalecida, Lourival ainda lhe desferiu diversos golpes e, diante de um último esforço para evitar ser levado, o policial foi atingido por outro disparo realizado por Bruno e, em seguida, colocado no interior do veículo com o auxílio dos demais custodiados”, destacou o juiz antes de determinar a prisão preventiva.
O crime
O policial civil Renato Couto Mendonça, de 41 anos, foi morto por Bruno Santos de Lima, de 41, Manoel Vitor Silva Soares, de 32, e Daris Fidelis Motta, de 46 anos, ao tentar reaver peças roubadas e que teriam sido vendidas para o ferro-velho de Lourival Ferreira de Lima, 67 anos – pai de Bruno.
O policial foi alvejado no local, na Praça da Bandeira, teve o corpo colocado em uma van da Marinha e foi jogado no Rio Guandu, na altura do Arco Metropolitano.
Após investigações de agentes da 18ª DP, todos os acusados foram presos, e ferro-velho foi interditado nesta segunda-feira (16).
Nesta segunda-feira, uma perícia indicou que, após ser baleado, Renato Couto foi jogado ainda vivo no rio Guandu, em Japeri, na Zona Norte: a causa da morte foi indicada como afogamento.
Uma testemunha contou detalhes da emboscada. Um vídeo mostra momentos de uma discussão entre Renato, Lourival, Bruno e os demais envolvidos.

O vídeo da briga
Na gravação, Renato, de verde, aponta uma arma e grita para Lourival, de cinza. Em alguns momentos, o papiloscopista bate no dono do ferro-velho.
Segundo as investigações, Renato tinha encontrado peças furtadas de uma obra sua no estabelecimento de Lourival e foi cobrar a devolução ou o ressarcimento.
“Ajoelha, c*ralho”, grita Renato. “Não pode comprar produto roubado! Você me respeita!”
Depois dessa discussão, ainda de acordo com a polícia, Lourival falou com o filho, o sargento da Marinha Bruno Santos de Lima, para revolver a questão.
A polícia afirma que, a partir daí, pai e filho arquitetaram uma emboscada.
Bruno chamou dois colegas de farda, o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares, e combinou um novo encontro com Renato para a tarde de sexta, prometendo uma solução.
Quando Renato chegou, ele foi rendido pelos quatro.
A emboscada, segundo a testemunha
Eram 14h30 de sexta-feira quando Lourival, Daris e Manoel seguram Renato por trás.
O trio tenta algemá-lo. Renato reage, e só um pulso é preso.
Bruno, armado, ordena: “Deita no chão!”
Um dos três que tentavam imobilizá-lo grita para Bruno: “Aplica esse cara logo!”
Bruno dispara, atingindo Renato na perna.
Renato não cede e procura se desvencilhar.
Bruno atira de novo, agora acertando o perito no peito.
Renato começa a desfalecer, mas diz: “Eu não fiz nada, eu não fiz nada!”
Um dos agressores diz: “Ele vai cair, ele vai cair!”
Lourival recolhe as cápsulas dos disparos.
Bruno, Daris e Manoel arrastam a vítima para dentro da van da Marinha.
Lourival bate e chuta várias vezes em Renato, desacordado.
Bruno dispara uma terceira vez contra o papiloscopista.
Renato é colocado na van.
Os quatro confessaram o crime e disseram que jogaram Renato de uma ponte do Arco Metropolitano sobre o Rio Guandu, em Japeri.
O corpo de Renato foi localizado na manhã desta segunda-feira (16), três dias após o crime. Parentes o reconheceram ainda às margens do Rio Guandu e se emocionaram.
O Globocop sobrevoava a área das buscas quando avistou um corpo parcialmente submerso preso sob galhos. Bombeiros o recolheram e o levaram para o solo.
O que diz a Marinha
A Marinha do Brasil (MB) informou que tomou conhecimento, na noite de sábado (14/05), sobre uma ocorrência, com vítima, envolvendo militares da ativa do Comando do 1º Distrito Naval, objeto de inquérito policial no âmbito da Justiça comum. “Os militares envolvidos foram presos em flagrante pela polícia e responderão pelos seus atos perante a Justiça”, disse.
“A MB lamenta o ocorrido, se solidariza com os familiares da vítima e reitera seu firme repúdio a condutas e atos ilegais que atentem contra a vida, a honra e os princípios militares.”
“A MB reforça, ainda, que não tolera tal comportamento, que está colaborando com os órgãos responsáveis pela investigação e informa que abriu um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência”, emendou.
As informações são do g1.