O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, parece só compreender o conceito de liberdade de expressão por acidente de percurso.
A entrevista concedida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal Folha de São Paulo e El País era para acontecer desde o ano passado, antes da eleição presidencial.
Chegou a ser autorizada pelo ministro Ricardo Lewandowski, mas foi censurada pelo próprio Toffoli.
Então, por que agora o mesmo Toffoli liberou? Certamente, que não foi o peso da consciência. Está muito mais para uma reação pessoal.
MEXEU COM ELE
O presidente da Corte, recentemente, foi duramente atingido por reportagens da revista Cruzoé e do site O Antagonista.
Essas duas plataformas operam favoravelmente a onda de desmoralização dos ministros do Supremo, movimento que tem apoio amplo, geral e irrestrito da turma da Lava Jato.
Em uma dessas campanhas, as duas plataformas noticiaram que o nome de Toffoli estava citado no e-mail de Marcelo Odebrecht, delator da operação Lava Jato. A informação, segundo consta, teria vazado de promotores que atuam na força-tarefa em Curitiba.
Toffoli, com ajuda do colega Alexandre de Moraes, censurou as duas reportagens. A reação da opinião pública foi intensa, acentuando o desgaste da Corte.
A censura contra os dois sites não se sustentaram e Toffoli encolheu.
Optou por liberar a entrevista de Lula, o réu que os carrascos de Curitiba não ousam repetir o nome.
A coragem que falta a uma Corte acovardada, Lula tem de sobra, mesmo estando confinado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sem qualquer prova que justifique sua condenação.
O processo Lula passa longe estado de direito. A liberação de sua entrevista é puro oportunismo do presidente STF, que demonstra só tolerar a democracia por acidente de percurso.