Sob comando da família Garotinho, depois de uma eleição apertada no ano passado, a Prefeitura de Campos (RJ), Norte Fluminense, voltou aos tempos de arrecadação farta de dinheiro.
Segundo levantamento do Radar Fonte Exclusiva, da agência de monitoramento do Portal VIU!, só entre janeiro e abril deste ano, o que compreende o primeiro quadrimestre de 2021, a Prefeitura já arrecadou R$ 710 milhões, um aumento de 17,4% ante ao mesmo período do ano passado, quando a arrecadação ficou em R$ 605 milhões.
Ainda que o discurso do governo de extrema-direita de Wladimir Garotinho (PSD-RJ), membro do clã familiar, seja em defesa de cortes de benefícios e direitos dos servidores para equilibrar a folha de pagamento, os números ainda não demonstram desequilíbrio entre arrecadação e gasto com pessoal.
PROJEÇÕES ORÇAMENTÁRIAS
Com base na arrecadação do último quadrimestre, as projeções de Fonte Exclusiva apontam que até o final do ano a Prefeitura de Campos deverá arrecadar R$ 2,100 bilhões, superando a arrecadação do antecessor Rafael Diniz (Cidadania), que encerrou o exercício financeiro de 2020 em R$ 1,930 bilhão.
Ainda que tenha mais dinheiro em caixa, Wladimir Garotinho demonstra uma opção preferencial pela demonização do servidor público, com cortes de vale-alimentação de servidores da saúde, além de solapar outros benefícios, em plena pandemia da Covid-19.
CONFIRA NÚMEROS:

Os cortes levaram o professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e colunista de VIU!, Marcos Pedlowski, a definir o garotismo como braço auxiliar do bolsonarismo. Na imagem que abre esta reportagem, o prefeito Wladimir Garotinho aparece ao lado do deputado Otoni de Paula, um dos próceres do bolsonarismo no Estado do Rio.
SÓCIOS DO PACOTE DE MALDADES
As medidas de Wladimir contra os servidores foi apelidada de “pacote de maldades” e foi aprovada na Câmara de vereadores com votos decisivos dos parlamentares Rafael Thuin (PTB), Fred Machado (Cidadania), Bruno Vianna (PSL), Luciano Rio Lu (PDT), Leon Gomes (PDT) e Marquinho do Transporte (PDT).
Os três parlamentares do PDT enfrentam processo disciplinar, que poderá implicar na expulsão do partido e perda dos respectivos mandatos por infidelidade partidária, já que votaram contra as diretrizes da legenda.
Já Thuin e Bruno Vianna enfrentam duras críticas nas redes sociais por adesão ao garotismo, o que deve dificultar o futuro político dos dois parlamentares que exercem o primeiro mandato. Thuin foi secretário no governo Rafael Diniz e Bruno Vianna é filho do ex-deputado Gil Vianna, que rompeu com o garotismo em determinado momento de sua carreira política. Gil Vianna morreu de Covid-19 no ano passado.
Fred Machado, que está no segundo mandato, segue orientações da irmã Carla Machado (PP), prefeita de São João da Barra, que estaria em processo de reconciliação com o garotismo, o que deve deve gerar repercussões negativas para a mandatária da cidade vizinha.
Ao se reconciliar com o garotismo, Carla também abraça o projeto político da família Dauaire, já que não poderá disputar reeleição. O ex-prefeito da cidade Betinho Dauaire e o deputado Bruno Dauaire (PSC), atualmente, são dois representantes da família Garotinho em São João da Barra. A grande probabilidade é que Betinho seja o candidato do grupo em 2024.