RIO — Interrogado por cerca de uma hora, no início da madrugada desta quarta-feira, no segundo julgamento relativo ao homicídio do pastor Anderson do Carmo, o também pastor Carlos Ubiraci, uma das dezenas de filhos da ex-deputada Flordelis dos Santos de Souza, negou qualquer relação com o crime.
Pela primeira vez, porém, ele responsabilizou a mãe pelo assassinato, afirmando que “acredita, sim” que ela teve participação direta na trama. Apontada como mandante da execução a tiros do marido, a ex-parlamentar será julgada daqui um mês, em 9 de maio, ao lado de duas filhas e uma neta. As informações são do Jornal O GLOBO.
Carlos é réu por homicídio triplamente qualificado e por tentativa de homicídio duplamente qualificada, por conta de episódios em que membros da família teriam envenenado a comida de Anderson, além de ser acusado de fazer parte de uma associação criminosa que articulou a morte do pastor.
Outro filho de Flordelis, André Luiz de Oliveira, responderia pelos mesmos crimes no julgamento, mas teve a audiência adiada depois que o advogado passou mal.
Já Adriano dos Santos Rodrigues, mais um filho da ex-deputada, o ex-policial militar Marcos Siqueira e sua esposa, Andrea Santos Maia, estão sendo julgados ao lado de Carlos por uso de documento falso, em virtude de uma carta forjada que inocentava Flordelis, e também por associação criminosa.
Em novembro do ano passado, Lucas Cezar dos Santos e Flávio dos Santos Rodrigues — também herdeiros da pastora — foram condenados pelo assassinato do pastor.
Ao contrário de outros irmãos, que desde o início das investigações culparam a ex-deputada pela morte de Anderson, Carlos, mesmo preso e acusado pelo crime, jamais havia externado qualquer suspeita em relação a ela.
Em um de seus depoimentos, ele afirmou à polícia não acreditar no envolvimento da pastora com o crime, mas chegou a ressaltar que, mesmo se houvesse essa ligação, ele “não viraria as costas nem deixaria de estar do lado dela, pois é sua mãe e ela o ajudou muito”. Agora, contudo, a versão mudou.
— Acredito que ela tem participação, sim — resumiu Carlos, que, mais à frente, pontuou que o fato de a mãe ter sido presa após perder o mandato foi determinante para a nova postura: — Eu tinha receio pelo fato de ela estar solta. Temia pela minha família.