O ex-senador e ex-governador de Goiás Iris Rezende morreu na madrugada desta terça-feira (9), em São Paulo, aos 87 anos, depois de ficar mais de três meses internado por conta de um acidente vascular cerebral (AVC).
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, decretou luto oficial no estado, e, nas redes sociais, declarou que Iris Rezende “deixou um dos maiores legados da política do Brasil”.
Deixou escola, fez muitos discípulos e tem uma multidão de apaixonados que hoje sentem, choram e sua partida”, destacou.
O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, decretou ponto facultativo para que servidores pudessem se despedir do ex-governador.
“A história de Iris Rezende se confunde com a história de Goiânia, cidade que o acolheu e o alçou a um dos maiores cargos políticos do Brasil, com defesa incisiva do desenvolvimento do Centro-Oeste, do estado de Goiás e da capital goiana. Nossa linda Goiânia deve muito ao trabalho de Iris”, postou.
Vários senadores se manifestaram por meio das redes sociais sobre a morte do político. Vanderlan Cardoso (PSD-GO) foi o primeiro senador a lamentar, no Twitter, a morte do político, segundo informou reportagem da Agência Senado.
Para Vanderlan, Iris deixa um legado político inestimável a toda população goiana e brasileira.
“Ele deixa grandes marcas, mas a maior delas é o exemplo de homem público dedicado à boa gestão. Deus console os corações de Dona Íris, das filhas Ana Paula, Adriana, do filho Cristiano, do genro Frederico, de seus netos e de milhões de goianos que choram sua perda,” escreveu.
Para Luiz do Carmo (MDB-GO), o ex-governador “foi o goiano mais importante da história de Goiás”.
“É com imenso pesar que recebo a triste notícia da morte do meu querido amigo e conselheiro. O eterno prefeito de Goiânia fez parte de minha vida desde o início”, afirmou o senador, destacando que a postura, o caráter e a forma de Iris de lidar com a coisa pública sempre o inspiraram.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) lembrou que Iris Rezende exerceu vários cargos na política. “Emedebista histórico, da mesma terra de Marília Mendonça, é hoje também mais uma estrela no céu. Vereador, prefeito, governador, deputado, senador, ministro, amigo do meu pai. À também Íris, sua companheira de olhares coincidentes, o meu abraço de conterrânea”, registrou a senadora.
Plínio Valério (PSDB-AM) e Alvaro Dias (Podemos -PR) também lamentaram a morte do político e manifestaram solidariedade à família, amigos e à população de Goiás.
Trajetória política
Iris Rezende Machado nasceu em Cristianópolis (GO), em 22 de dezembro de 1933. Formado em direito, começou a carreira política elegendo-se vereador em Goiânia (GO) pelo PTB, e presidiu a Câmara Municipal no seu primeiro mandato.
Em seguida, foi eleito deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e chegou a prefeito da capital em 1966, cargo que ocupou até ser cassado pela ditadura militar. Ingressou no MDB durante o regime militar.
Com o início da abertura política, foi eleito governador do estado em 1982, mas entregou o mandato antes do fim para assumir o Ministério da Agricultura no governo de José Sarney.
Chegou a disputar as prévias internas do MDB para a candidatura à presidência em 1989, perdendo a disputa para Ulysses Guimarães. Foi novamente eleito governador em 1990 e seguiu para o Senado quatro anos depois.
Presidente da CCJ
No senado, Iris Rezende foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) entre 1995 e 1996, período no qual passaram pelo colegiado as reformas constitucionais para quebras de monopólios estatais sobre setores como as telecomunicações e o petróleo.
Em 1997, lançou-se candidato à presidência do Senado e recebeu 28 votos, contra 52 do eleito, Antônio Carlos Magalhães (BA).
No mesmo ano, presidiu brevemente a Comissão de Infraestrutura, antes de ser nomeado ministro da Justiça, cargo que ocupou por um ano.
Iris disputou o governo de Goiás mais três vezes — em 1998, 2010 e 2014 —, sem sucesso, e não obteve a reeleição ao Senado, disputada em 2002. Porém, venceu três eleições para a prefeitura de Goiânia, em 2004, 2008 e 2016, tornando-se o mais longevo governante da capital goiana.
Em 2020, abriu mão da reeleição e anunciou sua aposentadoria da política.