A causa da morte de Tom Veiga é “hemorragia intra craniana por rotura de aneurisma cerebral”, ou seja, o intérprete do Louro José sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico – aquele que ocorre quando um vaso – artéria ou veia – rompe dentro do cérebro, extravasando sangue. A conclusão está no laudo do Instituto Médico Legal (IML) ao qual Época teve acesso.
De acordo com o documento, a necropsia no corpo de Tom ficou pronta na noite deste domingo (1o). Ele foi encontrado morto em seu apartamento, durante a tarde, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. O AVC hemorrágico mais frequente é causado devido a um pico elevado de pressão arterial.
PERSONAGEM CRIADO EM 1996
Tom Veiga conheceu Ana Maria por acaso e passou por muitas profissões antes de chegar à televisão. Foi office-boy, motorista de ambulância e trabalhou com eventos. O primeiro encontro com a apresentadora de quem se tornaria parceiro de programa foi em 1995, quando organizava feirinhas de artesanato. Ana Maria frequentava essas feiras para divulgar o “Note e anote”, programa que ela comandava na TV Record e a tornaria famosa em todo o país. Num desses encontros, encantada com o bom humor de Veiga, ela o convidou para integrar a equipe, e ele se tornou assistente de palco.
Na época, o horário matutino na TV aberta ainda era ocupado principalmente por programas infantis. O “Note e anote” começava logo depois de uma dessas atrações, e Ana Maria Braga sentiu a necessidade de ter um boneco para chamar atenção das crianças quando seu programa começasse. Ali começava a nascer o Louro José.
“Precisava ser um bicho que falasse, que interagisse comigo, mas não podia ser cachorro, porque cachorro não fala, passarinho não fala. E, por eliminação, decidimos pelo papagaio” , contou ana Maria ao site “Memória Globo”. “Eu tenho um em casa chamado Louro José. Ele fala e assobia o hino nacional. E eu disse: ‘Vamos pôr o Louro.’ Fiz um primeiro rascunho do desenho e pedi para uma pessoa que desenvolvia bonecos fazê-lo. Ele nasceu todo mambembe. Depois a gente foi ajeitando, mudando a espuma, até que ele virou global — aí ficou um astro, lindo. É um filho mesmo”.
A produção do programa testou vários candidatos, mas Tom se destacou. Após um dia de trabalho, pegou o fantoche para brincar com seus colegas. Ana Maria Braga viu, gostou e pediu que ele fizesse o ao vivo no dia seguinte. Deu tão certo que o Louro José foi ganhando gradualmente mais espaço na atração da Record. Já no “Mais você”, passou a dividir a apresentação com a “mãe”.
O personagem se tornou tão popular, que fez aparições em vários outros programas da TV Globo, como “Sítio do Picapau Amarelo”, “Malhação”, as séries “Louco por elas” e “A mulher invisível”, e as novelas “Cheias de Charme” e “A dona do pedaço”. Quando completou 18 anos, teve até mesmo sua história contada em um Arquivo Confidencial, no “Domingão do Faustão”. Num grande bem humorado, o público viu o nascimento do Louro e depoimentos de sua família de penas.
O sucesso também quase gerou uma disputa judicial. Em setembro de 1997, seis meses após a criação do personagem, a Record tentou registrar a marca Louro José no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O pedido foi negado porque a empresa de Ana Maria Braga (Ambra Agencia de Eventos e Produtora LTDA.) já havia feito o registro antes. O interesse pelo uso da marca se justificava pelo grande apelo do personagem entre as crianças — e suas muitas versões em brinquedo.