O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apresentou melhora na manhã desta quinta-feira (15/7), informou a equipe médica que o acompanha no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo. Por enquanto, ele permanece internado na unidade de saúde e não há previsão de alta.
De acordo com boletim médico, o quadro de saúde do presidente evolui “de forma satisfatória clínico e laboratorialmente”. O comunicado informa que “permanece o planejamento terapêutico previamente estabelecido”.
Bolsonaro foi transferido para o hospital em São Paulo para ser submetido a exames médicos e passar por observação, após ser diagnosticado com uma obstrução intestinal, segundo nota divulgada na quarta-feira (14/7) pela Secretaria de Comunicação (Secom) do governo.
Ele chegou de Brasília ao aeroporto de Congonhas em um avião Força Aérea Brasileira (FAB) por volta de 18h54, segundo o site de notícias G1, e minutos depois foi levado ao Hospital Vila Nova Star, da Rede D’Or.
Em nota enviada à imprensa por volta de 21h de quarta-feira, o hospital afirmou que “após avaliações clínica, laboratoriais e de imagem realizadas, o Presidente permanecerá internado inicialmente em tratamento clínico conservador” — ou seja, sem cirurgia por ora.
O senador Flávio Bolsonaro publicou no Twitter, no fim da manhã desta quinta-feira, que o quadro de Bolsonaro melhorou e que o pai acordou “bem disposto”. “A continuar assim, não precisará fazer cirurgia! Obrigado a todos pelas orações!”, escreveu o parlamentar.
A equipe que acompanha Bolsonaro no hospital é formada pelo cirurgião-chefe Antônio Luiz Macedo; Ricardo Camarinha, cardiologista do presidente; Leandro Echenique, clínico e cardiologista; Antônio Antonietto, diretor médico do Vila Nova Star; e Pedro Henrique Loretti, diretor geral do hospital.
Mais cedo na quarta-feira, o presidente deu entrada no Hospital das Forças Armadas, no Distrito Federal, para investigar a causa de uma crise de soluços que o incomodava há dias, conforme mencionou em vídeos nas redes sociais e conversas com apoiadores.
Bolsonaro já vinha apresentando problemas de saúde nas últimas semanas. No dia 9 de julho, o presidente precisou deixar um jantar com empresários em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, ao passar mal.
Na tarde de quarta-feira, em postagem no Facebook e Twitter, Bolsonaro divulgou uma foto sua deitado em uma cama hospitalar e disse se tratar de “mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato” em 2018 — referindo-se à facada que levou durante a campanha eleitoral.

Um primeiro comunicado, divulgado no final da manhã de quarta pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, dizia que Bolsonaro estava bem e ficaria em observação pelos próximos dois dias.
Horas depois, veio a notícia de que o quadro poderia ser mais sério: o cirurgião Antônio Luiz Macedo, que foi responsável por todas as intervenções e tratamentos após o atentado a faca sofrido por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018, foi até Brasília e, numa avaliação mais aprofundada, diagnosticou a obstrução intestinal.
“Após exames realizados no HFA em Brasília, o Dr. Macedo, médico responsável pelas cirurgias no abdômen do Presidente da República, decorrentes do atentado a faca ocorrido em 2018, constatou uma obstrução intestinal e resolveu levá-lo para São Paulo onde fará exames complementares para definição da necessidade, ou não, de uma cirurgia de emergência”, diz nota da Secom.
Falando com jornalistas no Senado, Flavio Bolsonaro afirmou que o pai passou mais cedo por uma endoscopia, exame para o qual foi anestesiado, e deve ficar em observação na capital paulista por três dias.
“Vai avaliar se há a necessidade de fazer alguma pequena cirurgia — nada de muito grande, pelo que estou sabendo”, disse o senador, abordando também como o pai esteve nos últimos dias.
“A gente percebia a dificuldade dele até de falar, de fazer discurso… Ele está se submetendo a uma agenda muito intensa”, acrescentou, contando que a família vinha pedindo que o presidente dormisse e comesse de forma mais saudável.
À rádio Jovem Pan, Flavio Bolsonaro disse que, em Brasília, o presidente chegou a ser intubado e internado em uma UTI por precaução.
O que é obstrução intestinal?
Como o próprio nome já diz, essa condição está relacionada com o bloqueio de parte do intestino delgado ou do intestino grosso.
Essa obstrução impede a passagem de alimentos e enzimas digestivas que, ao longo dos intestinos, estão envolvidos em uma série de processos para extrair nutrientes e descartar aquilo que não será aproveitado pelo corpo, formando as fezes.
Esse problema pode evoluir aos poucos e só dar sinais mais contundentes no momento em que está mais grave.
Esse entupimento pode ser provocado por uma série de fatores, como doenças inflamatórias (caso de Crohn e diverticulite), tumores e até alimentos secos e duros (como sementes de jabuticaba, por exemplo).
No caso específico de Bolsonaro, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que o quadro está possivelmente relacionado às várias cirurgias que ele precisou passar após sofrer a facada em 2018.
Essa condição também costuma estar relacionada com inchaço e dores fortes na barriga, sintomas que Bolsonaro apresentou nas últimas horas, segundo boletins divulgados pelo governo federal na quarta-feira.
Dependendo da causa, da gravidade e do local onde a obstrução ocorreu, o médico pode opta por um tratamento mais conservador, com medicamentos e técnicas não invasivas, ou pela cirurgia, de acordo com especialistas.
Novos exames provavelmente determinarão os passos a serem seguidos agora pela equipe que trata o presidente. Sua agenda de quarta e quinta-feira foi cancelada.
As informações são da BBC.