As religiões católica, evangélica, judaica e islâmica não aceitam o fenômeno mediúnico, tão comum e, ao mesmo tempo, usado como instrumento de divulgação de conhecimentos filosóficos, científicos e éticos.
As versões do cristianismo não querem aceitar, por questões dogmáticas, a prática mediúnica, que está de forma clara e evidente, no Novo Testamento, e que tem sido marginalizada por força da defesa de interesses contrários aos interesses do povo, simples e sensível à realidade transcendental, o que mostra o quanto o Cristianismo primitivo esteve em perfeita sintonia com a prática mediúnica.
Cristo foi o exemplo maior de médium encarnado em nosso ambiente planetário.
O Velho Testamento nos fornece o testemunho de atividades mediúnicas. As Bruxas de En-dor são o episódio mais emblemático de fenômeno mediúnico no Velho Testamento (1 Samuel 28: 1-25) e que não deixa de despertar a curiosidade de católicos, espíritas e protestantes, gerando controvérsias infindáveis.
Os espíritas usam esta passagem bíblica para reforçar o argumento na defesa da mediunidade.
No entanto, a argumentação evangélica e católica nega veementemente essa possibilidade, de intercâmbio entre o mundo material e o mundo espiritual, e a coloca no nível das práticas de bruxaria e feitiçaria, tentando “demonizar” este intercâmbio entre esses dois mundos.
Médiuns são bruxos, bruxas, feiticeiros e feiticeiras, e o espírito comunicante é o demônio. O curioso é que antes da morte de Samuel, Saul havia desterrado os médiuns e os advinhos, porém, quando Saul procurou a “médium” de En-dor, Samuel já estava morto. Saul alegava que “se Deus não me responde (sobre a guerra contra os Filisteus), então o diabo vai me responder”, reclamava Saul.
Diz um conhecido biblista que “assim Saul apelou à médium de En-Dor como o último recurso de um desesperado, em flagrante violação de uma lei divina que ele mesmo anteriormente procurara cumprir”.
A incompreensão dessas correntes do cristianismo chega ao limite da intolerância radical, do fundamentalismo. Não têm a menor boa vontade em compreender um fenômeno garantido por Deus, através de suas próprias leis naturais.
Mas o biblista encerra suas considerações da seguinte forma: admitir-se que o profeta Samuel apareceu naquela sessão espírita e conversou com o rei Saul, se Deus não lhe respondia mais pelos meios legais, e se o profeta Samuel nunca mais o procurou até o dia em que faleceu, será que nosso Deus permitiria que Samuel falasse com Saul numa sessão espírita, proibida por Ele, e através de “mãe de santo”, “uma médium”?
Há um pequeno número de passagens bíblicas que são usadas para desautorizar e desmoralizar a prática mediúnica, que tantos bons serviços têm prestado à humanidade sofredora. Chico Xavier é o exemplo incontestável de que sua obra veio falar aos corações sofredores, valorizando a moral cristã, ao mesmo tempo em que divulgou os postulados da Doutrina Espírita.
Não serão desqualificações de menor monta que impedirão que os fenômenos mediúnicos, hoje universais, se manifestem em ambientes artísticos ou em meios científicos. Seria enorme a lista de artistas, de cientistas que revelam desempenharem suas funções com a ajuda e a intervenção ostensiva de forças espirituais.
Trouxemos, em epígrafe (no texto anterior), o antropólogo francês Claude Levis-Strauss, em cujo depoimento não há dúvida de tratar-se de um médium psicógrafo, em confissão aberta a uma plateia de cientistas e intelectuais.