Guarda de trânsito usa celular para devastar imagem de jornalista do SBT e (pasme!) uma parte da imprensa acreditou nele;
A jornalista Melissa Munhoz divulgou nota nesta quinta-feira (5) informando que está adotando medidas cabíveis contra um Guarda Civil do Rio de Janeiro, que divulgou imagens editadas e atingindo sua imagem profissional nas redes sociais.
Ela trabalhava como repórter do SBT e denuncia que foi provocada pelo agente de trânsito depois que um carro da emissora estacionou em um ponto da Praça XV, no Centro do Rio, para que o cinegrafista retirasse equipamento de filmagem, um procedimento comum durante apuração de reportagens e que sempre foi permitido nessas circunstâncias.
Durante uma discussão na via pública, a jornalista diz que apenas reagiu às ofensas proferidas pelo Guarda Municipal durante abordagem. O clima esquentou ainda mais quando ela tentou filmar a identificação do interlocutor usando o celular.
“Agindo de má fé, o agente somente começou a gravar imagens após proferir as ofensas e provocar a jornalista, com único intuito de registrar a reação da profissional, que reagiu às ofensas proferidas”, diz um trecho da nota.
O ato de provocação com indícios de premeditação ficou configurado a partir do momento que o vídeo editado passou a ser difundido nas redes sociais, tudo indica por iniciativa do próprio Guarda. Se fosse um procedimento visando reunir provas em ato respaldado por lei, estaria como parte de um eventual inquérito e não nos grupos de Whatsapp. Sem ouvir a jornalista, a TV Record, concorrente do SBT, exibiu reportagem difundindo apenas a versão do agente de trânsito, assim como alguns sites de notícias. Já o SBT, em função da repercussão, demitiu a repórter, o que gerou uma forte reação por parte de profissionais da imprensa.
REPÓRTERES NO PAREDÃO
O trabalho jornalístico no Brasil, assim como em vários países da América Latina, tem enfrentado uma série de restrições em função dos ataques cotidianos de agentes públicos em todos os níveis. Profissionais e empresas jornalísticas são torpedeadas diariamente com ações judiciais, aplicação de multas ou até coações ostensivas durante o trabalho, principalmente, nas ruas de uma cidade que ainda está traumatizada com a execução de uma vereadora em via pública.
Não é por acaso que o Brasil é mencionado em várias manifestações da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), sediada em Miami, nos EUA, por conta dos abusos flagrantes contra o jornalismo. O próprio SBT é alvo de uma ação judicial promovida pelo ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), por conta da atuação jornalística e independente de seus profissionais. Isso, talvez, explique a forte reação diante do comportamento da emissora em face do episódio envolvendo sua repórter. Tão perversa quanto a conduta do SBT, é a linha maldita de alguns coleguinhas de plantão mesmo nesses tempos sombrios de fake news.