O ano de 2016 será o marco da derrocada final da manipulação da informação na república do chuvisco;
A prefeita de Campos dos Goytacazes Rosinha Garotinho (PR) desmoralizou a mídia de plantão em sua cidade. Enquanto jornais, sites apócrifos, blogueiros e emissoras de rádio vociferavam a cantilena de que a prefeitura faliu, o governo está saldando todos os débitos com fornecedores, pagou 13º dos servidores, antecipou o salário de dezembro, assim como fez com os programas sociais, como Cheque Cidadão.
Não há nada de extraordinário em governo que paga salário em dia e honra suas dívidas, obviamente, mas o feito se dá no momento em que a maior parte das prefeituras e o governo do Estado fecham o ano sem pagar salários.
Os pagamentos em Campos promoveram um fluxo de renda extraordinário no comércio durante as vendas de natal, a melhor data promocional para o setor. Isso no momento de refluxo econômico e desemprego. Enquanto isso, a mídia nativa focou a pauta no prenuncio do caos e quebrou as mandíbulas, quando esperava quebrar a banca.
A desmoralização editorial é visível, porque os noticiários demonstram uma completa falta de conhecimento sobre finanças administravas e ordenação de despesas na administração pública. Uma prova inequívoca de que se perdeu o contato com o jornalismo moderno, focado na geração de conteúdo consistente e confiável.
Não mais se apura notícias. Apenas se ouve o galo cantar e repercute. Chega a ser constrangedor. O jornalismo de qualidade deu lugar a uma imprensa que funciona como aparelho difusor e colaborador de ações policialescas. Numa cidade em que a imprensa exerceu uma importância vital na campanha abolicionista (quem diria!), a mídia contemporânea optou por funcionar como braço auxiliar da polícia, tarefa que antes do advento da tecnologia moderna já pertenceu ao X-9.
As razões desta falência editorial são múltiplas: estão aviltando salários, demitindo profissionais em troca de mão de obra barata e gratuita (travestida de blogueiros colaboradores) e apostando na incerteza de verbas publicitárias de governos.
É um modelo comercial esgotado, porque diante da crise econômica os próximos governos estarão descapitalizados para esse tipo de investimento. Publicidade oficial será artigo de luxo. As mídias sociais, plataforma bem mais barata e abrangente, já assumiram o protagonismo. A mídia local ainda não descobriu o que Nelson Rodrigues chamava de “óbvio ululante”.
Rosinha fecha o governo deixando uma mensagem subliminar para o sucessor: o próximo governo terá a obrigação de não atrasar salários, manter programas sociais e manter dívidas com credores em dia.
Por outro lado, o prefeito eleito Rafael Diniz, a partir de primeiro de janeiro, conviverá com uma mídia inquieta e apetitosa, acostumava a cobrar faturas por meio de programas de rádio. Como diria o ex-governador Leonel Brizola, “quem vence herda os problemas”.
Vai aqui uma outra frase para o prefeito eleito de Campos ler na cama: “vida de prefeito é boa do dia da vitória até o dia da posse”. Esta vem do sábio ex-prefeito de Macaé-RJ Sílvio Lopes (PSDB).