Carapebus-RJ é uma pequena cidade do Norte Fluminense, localizada na zona produtora de petróleo da Bacia de Campos. É um município com pouco mais de 16 mil habitantes e uma população pobre, ainda que a arrecadação municipal seja milionária.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 36,6% da população local vive com uma renda mensal de apenas meio salário mínimo. A pobreza dos moradores, no entanto, contrasta com o volume de dinheiro que entra no caixa da Prefeitura.
Atenção: A imagem que ilustra o topo da reportagem é uma foto/montagem.
Só nos dois primeiros meses deste ano de 2022, o governo local arrecadou cerca de R$ 12 milhões, a maior parte dos recursos proveniente de royalties e participação especial na produção petrolífera. Para o ano, o orçamento deve chegar a R$ 120 milhões.
Em 27 anos, desde que se emancipou da vizinha Macaé, Carapebus se aproxima de três décadas na condição de cidade petrorrentista, com governo rico e uma população pobre.

Assim como boa parte das cidades na região, o comércio e demais setores da economia local têm extrema dependência da Prefeitura como indutora de negócios e fluxo de renda.
“A cidade tem 93% de sua receita oriunda de fontes externas.”
Contudo, a prefeitura não induz a economia. Ao contrário, promove uma asfixia. Uma das grandes demonstrações é o calote em 500 moradores que trabalhavam ganhando salário mínimo para o governo, por meio de uma terceirização com uma cooperativa.
As pessoas que atuavam na limpeza de prédios públicos e serviços gerais foram demitidas sem receber três meses de salários e o prefeito da cidade, Bernard Tavares (Republicanos), diz que só paga se a justiça determinar.
Quem é o prefeito
Tavares foi vereador e elegeu-se prefeito em uma eleição extemporânea, em novembro do ano passado. A prefeita reeleita em 2020, Cristiane Cordeiro (Progressistas), teve o registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O atual prefeito reza na cartilha do governo Jair Bolsonaro. Foi amplamente apoiado por núcleos do bolsonarismo no Estado do Rio de Janeiro, com deputados deste grupo participando da eleição ostentando fuzis no dia do pleito, situação que é investigada no âmbito da Justiça Eleitoral.
Mas se a maioria dos moradores é pobre e sem renda, pequenos grupos próximos ao prefeito não têm do que reclamar. Na última semana, o programa Direto da Redação, do Portal VIU!, exibiu contracheques de guardas Civis Municipais com salários turbinados com nomeações em cargos comissionados, hora extra, insalubridade e produtividade. verdadeiras aberrações diante da legislação.
O caso atípico é de um guarda que exerce mandato de vereador, teria cargo comissionado e ainda estaria cedido à Prefeitura de Quissamã. Os fatos desmontram que Carapebus, é uma cidade milionária, mas com uma classe política que confunde público e o privado e privilegia apadrinhados, afrontando uma maioria de moradores que vivem com renda mínima ou miséria extrema.