O esforço do prefeito de Campos (RJ) Rafael Diniz para eleger o vereador Marcão Gomes presidente da Câmara em janeiro de 2017 impôs um sacrifício ao governo na largada.
Esta foi a avaliação do jornalista Roberto Barbosa, diretor-executivo do Portal VIU!, ao participar do programa “Nos Bastidores da Política”, apresentado pelo advogado Edmar Ptak, na rádio Rádio Aurora, emissora online com retransmissão em tempo real no Facebook.
“Ele foi obrigado a antecipar uma composição com o legislativo quando não precisava de uma base aliada tão ampla, porque estava no auge de sua popularidade. Rafael foi eleito no primeiro turno carregado de expectativas. O ambiente jurídico sinalizava afastamentos por conta da Operação Chequinho. A maioria viria no automático”, analisou.
“Se Fred Machado fosse o presidente da Câmara naquele momento, os problemas de Rafael seriam infinitamente menores, porque Fred é mais harmonioso e articulador do que Marcão”, pontuou.
O programa com a entrevista foi ao ar na noite desta terça-feira (10) e está disponível na página da emissora, na rede social.
O jornalista também destacou que a comunicação do governo falhou sistematicamente ao manter a exposição excessiva de Diniz nas mídias sociais ao longo da atual administração, seguindo um cronograma semelhante ao de um candidato em campanha.
“Quando o candidato ao cargo executivo se elege é preciso desmontar o palanque aos poucos e adotar uma postura mais discreta, com aparições mais oportunas e cautelosas”, destacou o jornalista, que cita o transporte, saúde e comunicação como os gargalos do governo.
Barbosa analisa a eleição de Rafael Diniz em 2016 como decorrência de sua boa atuação como vereador de oposição e a capacidade de retórica. Também destacou o fator coragem como um ponto positivo na atuação do mandatário.
“Presenciei quando enfrentou uma vaia recentemente na inauguração de um Shopping (Guarus Plaza) e levou o discurso até o fim, com destemor”, destacou diante dos questionamentos e divergências do apresentador Edmar Pitak, conhecido pelas críticas contundentes ao governo local.
Sobre Caio Vianna, pré-candidato do PDT à sucessão municipal de 2020, Barbosa afirmou que são amigos. “É um grande amigo. Foi meu candidato na eleição de 2016 e 2018. Ele frequenta a minha casa e eu frequento a casa dele, isso independente de política”, disse também mencionando a boa relação com os demais atores da política local:
“Sou amigo de Caio, assim como sou amigo de Rafael e da família dele. Só para lembrar, sou biógrafo de Zezé Barbosa, avô de Rafael e uma das figuras mais inteligentes que já conheci, como também sou amigo de Anthony Garotinho, com quem já tive embates, mas com quem descobri mais afinidades no plano teórico do que divergências. Portanto, não tenho áreas de atritos neste ambiente”.
O jornalista elogiou a atuação parlamentar do deputado Wladimir Garotinho (PSD): “Tem feito um bom mandato e considero um candidato competitivo em 2020”.
Sobre o casal Rosinha e Anthony Garotinho, disse que também mantém amizade e afirmou que o ex-governador tem uma visão histórica admirável sobre a cidade de Campos.
Quanto a polêmica envolvendo o pagamento do 13º salário dos servidores de Campos, que foi previsto para ser quitado em duas parcelas em 2020, mas a justiça mandou pagar no dia 20 de dezembro deste ano, o jornalista sugeriu uma antecipação de receitas da Participação Especial junto ao Banco o Brasil.
“Vai aqui apenas uma observação, porque sou cauteloso em comentar algo sobre o qual tenho pouca informação. Não sei exatamente os problemas que levaram o governo a programar esse pagamento para o próximo ano”, disse.
O jornalista criticou o que chamou de abusos da concessionária Águas do Paraíba, detentora da concessão dos serviços de água e esgoto no município. Ele lembrou que a empresa cobra a taxa de esgoto mais cara do Brasil, enquanto algumas comunidades ainda convivem com esgoto correndo à céu aberto.
O programa Nos Bastidores da Política vai ao ar de segunda à sexta-feira, a partir das 19h. Edmar Ptak, além de advogado, também é pré-candidato à Prefeitura em 2020.
No que se refere a sucessão do ano que vem, Roberto Barbosa avaliou que qualquer prognóstico no momento é prematuro, mas admitiu que no atual estágio há uma tendência de polarização entre Caio Vianna e Wladimir Garotinho no campo popular.