A possibilidade de retorno às aulas em sistema híbrido na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) está gerando um conflito entre professores e alunos da instituição.
Um dos pontos mais polêmicos é o que obriga os professores a lançarem notas para os alunos sem medir frequência nas aulas remotas. A discussão ainda está em nível de conselhos universitários, mas há chances desta proposta encampada pela reitoria vigorar.
A medida cria uma série de embaraços que poderá refletir de forma negativa na grade curricular dos alunos futuramente. As regras também não são claras. Até recentemente, por exemplo, não se tinha noção de como seria o processo de matrícula dos alunos nesse sistema.
Uma das reações à proposta anárquica partiu do professor Marcos Pedlowski nas redes sociais.
Em postagem no Facebook, ele contestou a decisão “em que os professores podem dar a nota, mas não podem medir a frequência dos alunos”.
Outro ponto polêmico é que os alunos podem desistir de acompanhar às aulas no momento que desejarem, porém, os docentes não podem fazer o mesmo podendo responder processo administrativo. A medida já foi apelidada de “populismo acadêmico”, para agradar alunos que se intitulam líderes de turmas.
Em função da pandemia do novo coronavírus, a Uenf está sem aulas presenciais desde março de 2020.
Em recente reunião, a reitoria da universidade sugeriu a volta das turmas de graduação no sistema híbrido, que combina o ensino remoto com o presencial.
A Associação dos Docentes da Uenf (Aduenf) também reagiu à proposta do novo sistema de aulas. A entidade publicou uma nota oficial destacando a depreciação das condições de trabalho dos professores e cobrou medidas de proteção aos docentes.
A situação está agravando conflitos internos. Diante de vários ataques perpetrados representantes do DCE contra professores em redes sociais, em função de divergências quanto ao novo sistema, a entidade também destacou:
“Qualquer conduta abusiva, intencional, frequente, que ocorra dentro ou fora do ambiente de trabalho, será considerada assédio”, diz.
Há um consenso de que as decisões institucionais pesam contra os professores. No ensino remoto, por exemplo, todos são obrigados a ter equipamentos em casa, pagar internet e energia sem contrapartida da instituição. A categoria está com os salários congelados.
Enquanto isso, a Uenf estará distribuindo centenas de equipamentos com chips e internet livre para que alunos acompanhem as aulas remotas, sem exigência de frequência, conforme prevê a proposta de ensino híbrido.
OUTRO LADO
Em recente manifestação sobre o tema, a reitoria emitiu uma nota oficial, cujo trecho diz:
{…} E preciso ter em perspectiva que não estamos em período de normalidade. A pandemia tem trazido muitos desafios dúvidas para toda a sociedade. Ajustes precisarão ser feitos, sempre que forem necessários, para garantir o funcionamento da instituição e o atendimento a um de seus pilares, que é o ensino, sempre no sentido de melhorar a construção do aprendizado e a interação docente-estudante. […]
A nota é datada do dia 22 de fevereiro.