Macaé (RJ), a locomotiva econômica do Norte Fluminense e sede das operadoras do setor petrolífero na Bacia de Campos, terá este ano uma das eleições mais concorridas dos últimos tempos. Já são seis os pré-candidatos.
O prefeito Dr. Aluízio (PSDB) exerce o segundo mandato e não estará disputando reeleição, o que em tese deixaria o pleito em aberto.
Estão pré-candidatos o deputado estadual Welberth Rezende (Cidadania), o ex-vereador Igor Sardinha (PT), André Longobardi (Republicanos), Sabrina Luz (PSTU) e Silvinho Lopes (DEM), filho do ex-prefeito Sílvio Lopes, além de outros nomes que estão gravitando.
O governo municipal tem boa avaliação e turbinou a popularidade no período de pandemia, só que a máquina continua buscando um nome que personifique diante do eleitorado um discurso de continuidade.
Inicialmente o prefeito tentou jogar essa marca em seu secretário de Educação, Guto Garcia (PDT), que recentemente deixou a pasta para retornar à Câmara de Vereadores.
Diante da resistência na base governista, trocou Guto pelo deputado Felício Laterça (PSL) e também recuou. Agora a bola da vez é o secretário Municipal de Infraestrutura, Célio Chapeta. Se a máquina vai de Chapeta ou não, só depois das convenções em setembro será possível afirmar.
A única coisa que se vislumbra neste momento é que ainda não há um nome que se possa difundir como “é Aluízio de novo”.
Sem contar que o prefeito não tem uma característica de político de rua em período de eleição. Sempre apostou no resultado do trabalho administrativo, receituário (diga-se de passagem) que funcionou em sua campanha pela reeleição em 2016.
Na ocasião, ele era a figura mais tranquila na disputa pelo segundo mandato, enquanto os aliados viviam em pânico com o seu estilo. Resultado: deu Aluízio.
Só que um outro nome para herdar o espólio da administração precisaria do cabo eleitoral oficial ostensivamente nas ruas. Transferir votos exige esforços redobrados.
“Esta eleição será um jogo de xadrez”, define o ex-secretário do governo Riverton Mussi, André Braga, atualmente integrando a coordenação de campanha de Igor Sardinha.
EFEITO PANDEMIA
O segundo mandato vai se expirar com a popularidade do gestor municipal em alta. É algo que não acontecerá com todas as administrações no Norte Fluminense, região em que muitos prefeitos tropeçaram no enfrentamento da pandemia.
Em Macaé o prefeito é médico, atende pessoalmente os pacientes no Centro de Saúde Dr. Jorge Caldas, que funciona como posto de triagem, além de criar boas respostas de mitigação no campo social. As ações de governo e peculiaridades ajudam.
Esse fatores explicam a boa performance neste período de crise global, mas existem também características pessoais: é atencioso com as pessoas. É um senhor anfitrião quando recebe visitas no gabinete. Eleitor e contribuinte gostam de atenção, sem contar que o prefeito de Macaé é o que se pode definir como encantador de serpentes.
Ele pode não ser amado, mas é impossível odiá-lo. O presidente da Câmara de Vereadores, Eduardo Cardoso, um dos mais fiéis aliados no legislativo, em recente conversa fez uma boa definição: “É uma grande figura: finge que é direita, porque tem vergonha de dizer que é de esquerda”.
O legado da administração criou uma marca para o político Aluízio Jr. Inevitavelmente ele estará disputando cargo eletivo (não se sabe qual) em 2022.
O que se deve tentar saber no momento é como o comandante em chefe de uma boa administração analisa duas opções:
1 – Testar a capacidade de transferência de votos, eleger um sucessor que enfrentará um pós-pandemia com o país em crise, queda de receita e levado a promover ajustes adotando medidas amargas. Isso o transformaria em cotista de eventuais desgastes.
2 – Manter-se alheio ao processo eleitoral, ainda que tenha candidato, posteriormente disputar um mandato eletivo na Câmara Federal e pavimentar a estrada para um eventual retorno em 2026.
Dr. Aluízio conhece a Câmara Federal, porque foi deputado antes de se eleger prefeito pela primeira em 2012.
Este ano poderá até ficar distante do processo sucessório, mas a hipótese do seu grupo político não ter candidato é zero. No núcleo governista emergirá um candidato aluizista com amplo consenso e no frigir dos ovos o grande cabo eleitoral será Dr. Aluízio ainda que esteja dentro de casa.
Esse nome pode ser até o próprio Chapeta dependendo se o prefeito realmente vai bancar a indicação .
Os legado desses dois governos de Aluízio, com ele perto ou distante na eleição, é uma máquina de votos. Portanto, ele ainda é um grande cabo eleitoral na disputa sucessória, desde que consiga convencer o eleitorado que o seu candidato é sinônimo de continuidade ou que o candidato convença.
Outro detalhe importante: Macaé em crise ou sem crise, é um importante ponto de partida para projetos políticos em 2024, porque em qualquer eleição e por mais desgastada que esteja, máquina é sempre máquina. Mesmo com todos os percalços que se imagine, a cidade ainda será importante para o futuro político de Dr. Aluízio.