Desde o dia 13 de junho, o comércio que mais cresce no trecho entre as ruas Nossa Senhora da Glória e Valparaíso, no bairro dos Cavaleiros, em Macaé, Norte Fluminense, é o de água. Não cai uma única gota do produto nas cisternas de moradores, estabelecimentos comerciais e nos prédios que abrigam escritórios de empresas e de profissionais liberais.
Com a escassez, nesse curto espaço de tempo a venda de água em caminhões-pipa tornou-se um negócio lucrativo.
“Chegamos a pagar R$ 300 por semana para abastecer as cisternas”, comenta a ex-administradora de um condomínio na Avenida Nossa Senhora da Glória.
A concessionária Cedae não explica a razão da falta de água nessa região específica. Na última semana, no entanto, por meio de um comunicado nas redes sociais, a empresa informou que estava operando com apenas 30% de sua capacidade na cidade, por falta de energia elétrica, mas não especificou os bairros mais afetados.
O mesmo comunicado que pedia à comunidade para economizar água, destacava que os serviços seriam normalizados em até 72 horas, tempo previsto para a concessionária de energia Enel realizar os reparos.
No bairro Cavaleiros a situação se arrasta desde o dia 13 de junho.
A situação no bairro Cavaleiros é um indicativo que abastecimento de água continua sendo um problema crônico em Macaé, cidade que é base operacional da indústria offshore da Bacia de Campos e atualmente está em processo de diversificação de oferta de matriz energética com construção de novas usinas termelétricas para geração de energia a partir do gás natural.
“Uma cidade do porte de Macaé sem abastecimento de água é uma temeridade para investidores. Esse é um problema que precisa ser solucionado o quanto antes. A escassez não se dá por falta do produto. A cidade tem água em abundância para captação. O gargalo está no processo de tratamento e distribuição, ao que tudo indica”, destaca o economista e ex-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos do Estado do Rio, Ranulfo Vidigal.
A Cedae ainda não se manifestou sobre a falta de água na Avenida Nossa Senhora da Glória e rua Valparaíso, ainda que o problema tenha sido alvo de denúncias na mídia local durante toda a semana.
Os problemas de abastecimento também mobiliza o legislativo municipal. No início desse ano, a Câmara de Vereadores instaurou uma Comissão Provisória para fiscalizar o contrato entre a Prefeitura e a concessionária. Os parlamentares identificaram que o problema de abastecimento estava generalizado por toda a cidade.
“Falta água em vários bairros da cidade, isso é um problema de anos. Recentemente, presenciei moradoras do bairro Parque Aeroporto tendo que pegar água da chuva para fazer suas tarefas. Isso aconteceu na Rua Alfredo Mota, mas esse é um problema que atinge toda a cidade. Não dá para ficar sem água. É um direito fundamental para todos”, disse, na ocasião, a vereadora Iza Vicente (Rede).