A Justiça expediu um mandado de prisão preventiva contra o modelo Bruno Krupp, de 25 anos, pelo atropelamento e morte do adolescente João Gabriel Cardim Guimarães, 16 anos, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, na noite de sábado (30).
Agentes da 16ªDP (Barra) estão nas ruas, na manhã desta quarta-feira (3), para cumprir o mandado de prisão contra o modelo, que responde por homicídio com dolo eventual, quando assume o risco de matar. Os policiais estiveram na cobertura onde Bruno mora, na Avenida Lúcio Costa, orla da Barra, mas ele não foi encontrado no local.
De acordo com o pedido de prisão, Bruno conduzia uma motocicleta sem placa, em alta velocidade (mais de 150km/h, numa via cujo limite máximo de velocidade é de 60km/h), e estava sem carteira de habilitação, mesmo após ter sido pego em uma blitz três dias antes do acidente.
“Não foi o bastante que tivesse sido parado pelos agentes da Lei Seca. Ser pego na situação já descrita não teve qualquer efeito didático. Ao contrário, adotou conduta mais ainda letal, acabando por tirar a vida de um jovem que estava acompanhado de sua mãe, ressaltando-se que BRUNO não é um novato nas sendas do crime”, destacou a juíza Maria Izabel Pena Pieranti.
A decisão ainda enfatizou a brutalidade do acidente, pois a perna da vítima foi “violentamente amputada no momento da colisão”.
Perna amputada com o impacto
A brutalidade do atropelamento causou espanto de quem testemunhou o acidente. Em depoimento, um policial militar que chegou ao local, na noite de sábado (30), contou que a perna esquerda do estudante foi amputada na hora do impacto e foi parar 50 metros à frente do acidente, no gramado entre o calçadão da orla da Barra da TIjuca e a areia da praia na Zone Oeste do Rio.
Vídeos gravados logo após o atropelamento mostram a cena. A perna chegou a ser colocada em uma caixa térmica com gelo para ser preservada, enquanto o estudante João Gabriel era socorrido na pista. Ele chegou a ser levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, mas não resistiu.
Testemunhas dizem que o influenciador digital de 25 anos costumava pilotar em alta velocidade sua moto, uma Yamaha cinza. Vídeos de câmeras de segurança mostram a moto acelerada na Avenida Lúcio Costa e o momento em que João Gabriel e a mãe atravessavam a rua, na faixa de pedestres, antes do impacto.
“Ele é conhecido, todo final de semana passa aqui, todo final de semana. Aquelas motos barulhentas, passa aqui voado, às vezes passa aqui quando a gente olha ele já está bem longe”, diz um quiosqueiro que trabalha na região e viu o acidente do sábado.

Modelo não tinha habilitação
O policial militar também contou no depoimento, na 16ª DP, onde o caso foi registrado, que Bruno Krupp não tinha habilitação.
Três dias antes do acidente, o modelo foi parado em uma blitz da Lei Seca e foi multado por falta de habilitação. Ele usava a mesma moto, que estava sem placa.
Bruno e João foram levados em uma ambulância do Corpo de Bombeiros para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra.
João chegou consciente, foi levado para o centro cirúrgico, mas morreu no começo da madrugada de domingo, pouco depois de chegar à unidade de saúde.
Bruno Krupp teve escoriações e deixou o Lourenço Jorge ainda no domingo. A polícia diz que ele ainda não foi ouvido porque está internado, sem dizer onde. Há a hipótese de o modelo ter se internado em um hospital particular, mas as autoridades não confirmam.
A assessoria de imprensa de Krupp disse que não conseguiu contato com o modelo nem com a família dele.
O caso foi registrado na delegacia da Barra da Tijuca inicialmente como lesão corporal, mas com a morte da vítima será investigado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
‘Em estado de choque’, diz tia sobre mãe de estudante atropelado e morto por modelo Bruno Krupp

Mãe do estudante João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos — atropelado pelo modelo Bruno Fernandes Moreira Krupp, de 25, a assessora jurídica Mariana Cardim de Lima acompanhava o filho único no momento do acidente, na noite do último sábado, dia 30.
A família havia participado da comemoração de um aniversário em um salão de festas próximo e resolveu atravessar para ir até a Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
O caso é investigado como lesão corporal culposa provocada por atropelamento e falta de habilitação e proibição de dirigir veículo automotor, mas o registro da 16a DP (Barra da Tijuca) deverá ser aditado para homicídio, uma vez que a vítima morreu após dar entrada no Hospital Municipal Lourenço Jorge.
— Minha irmã está completamente devastada, ainda em estado de choque, não consegue parar de chorar. Eles quiseram colocar o pé na areia antes de chamar o carro de aplicativo para voltar para casa. Quando estavam a um passo do paralelepípedo da calçada, a moto pegou ele. A pancada foi tão forte que arrancou a perna do meu sobrinho. Ao ser levado para o hospital, ele estava consciente, mas acabou não resistindo aos ferimentos. A família do modelo esteve com a gente e prestou solidariedade. Queremos justiça, mas precisamos de paz nesse momento — contou, em entrevista ao Extra, a gestora comercial Débora Cardim, tia de João Gabriel.
Câmeras de segurança de um quiosque na altura do Posto 3 registraram o momento em que o modelo, que não era habilitado, passa em alta velocidade em uma moto sem placas. As imagens mostram frequentadores do estabelecimento se assustando com a batida. De acordo com o Corpo de Bombeiros, profissionais do quartel da Barra foram acionados às 22h55, assim como policiais militares do 31o BPM (Recreio dos Bandeirantes).
Ao chegarem no local, em frente ao número 2.016 da Avenida Lúcio Costa, constataram que João Gabriel teve a perna esquerda amputada em consequência do acidente. Já Bruno Krupp sofreu escoriações e ambos foram encaminhados, em ambulâncias, para o Lourenço Jorge.
Segundo o depoimento prestado na 16a DP por um dos PMs, o modelo não possui Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o local do acidente não foi preservado. A moto que ele dirigia foi apreendida e levada a delegacia. A mãe da vítima, que prestou assistência do filho na unidade de saúde, foi arrolada como testemunha do caso.
Horas após o acidente, o delegado Paulo Roberto Mendes Junior, de plantão na 16a DP, determinou, com a morte de João Gabriel, a remoção do seu cadáver do hospital para o Instituto Médico-Legal (IML), para a realização do exame da necropsia. O corpo do estudante foi sepultado nesta segunda-feira, no Cemitério de Irajá, na Zona Norte da cidade, em uma cerimônia que reuniu mais de 100 pessoas, entre as quais colegas de escola e professores.
Ao Extra, o advogado Willian Pena, que representa Bruno Fernandes Moreira Krupp, admitiu que o modelo estava acima da velocidade permitida na Avenida Lúcio Costa, mas afirmou que a vítima “subitamente” surgiu na via, atravessando fora da faixa de pedestres:
— Ele disse que, segundos após dar uma arrancada com a moto, houve o choque. Mas o velocímetro ainda será avaliado pela perícia. Além disso, confirmou ter tirado a Carteira Nacional de Habilitação há cerca de 15 dias e que o veículo estava emplacado até o momento do acidente, quando a placa caiu. É importante frisar também que os pais dele estão dando todo apoio a família da vítima, com suporte emocional e financeiro.
A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 16ª DP (Barra da Tijuca) inicialmente como lesão corporal na direção de veículo automotor, mas, com a morte da vítima, será investigado como homicídio culposo na direção de veículo automotor.
“A perícia foi realizada no local e a motocicleta foi apreendida. O condutor da moto está hospitalizado e será ouvido assim que receber alta médica. De acordo com os agentes, ele não tem habilitação. As investigações estão em andamento para esclarecimento de todos os fatos”, diz o comunicado.
Já a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que, na noite de sábado (30/07), equipe do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) foi acionada para verificar uma ocorrência de acidente de trânsito com vítima na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. “No local, os policiais foram informados que um homem foi atropelado por uma motocicleta e socorrido ao Hospital Municipal Lourenço Jorge. O condutor foi socorrido para a mesma unidade de saúde. A ocorrência foi encaminhada à 16ª DP”, disse, em nota.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que o João Gabriel deu entrada, no final da noite de sábado, no Hospital Lourenço Jorge, vítima de um acidente de trânsito. “O paciente foi levado para o Centro Cirúrgico, onde faleceu pouco tempo depois”, afirmou a pasta, também em nota. Já o modelo recebeu alta no dia seguinte do acidente.
Com informações do g1 e do EXTRA.