Mandado de prisão foi expedido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, no inquérito da Operação Vale Voto; advogado de defesa diz que decisão é arbitrária
Da redação
Em meio a uma guerra contra o delegado da Polícia Federal, um promotor de justiça e um juiz, o ex-governador Anthony Garotinho foi preso na manhã desta quarta-feira (16/11), no Rio de Janeiro.
O desfecho era esperado. O próprio Garotinho vinha anunciando que tinha informações sobre a intenção de prendê-lo. O propósito, segundo chegou a falar em entrevista ao jornalista Roberto Barbosa, no programa Fim de Tarde, na Diário FM, na última segunda-feira (14/11), seria produzir um escândalo publicitário e conter sua movimentação visando uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra o prefeito eleito Rafael Diniz (PPS).
De acordo com o jornal Extra, o atual secretário de Governo de Campos foi preso por agentes da PF de Campos em seu apartamento, no Flamengo, na Rua Senador Vergueiro. O mandado de prisão foi expedido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira.
Segundo informações preliminares, a prisão seria resultado das investigações da Operação Chequinho, desdobramento da Operação Vale Voto, que investiga a compra de votos durante a eleição do dia 2 de outubro.
Em outubro passado, a PF já havia prendido dois vereadores em Campos, no Norte Fluminense, suspeitos de fraudar um programa assistencial em troca de votos. A Operação Chequinho teve o objetivo de combater crimes eleitorais no município.
Ozéias Azeredo Martins e Miguel Ribeiro Machado, vulgo Miguelito, ambos reeleitos na última eleição, são suspeitos de praticar, entre outros crimes, corrupção ativa e passiva eleitoral e formação de quadrilha para cometer corrupção eleitoral, de boca de urna e de fornecimento de alimentação ilegal.
Foram cumpridos oito mandados de prisão temporária, oito mandados de busca e apreensão e uma ordem de condução coercitiva. As prisões temporárias serão de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco, e os detidos serão conduzidos ao Sistema Penitenciário de Campos.
A motivação da prisão é considerada um motivo frágil por parte dos advogados. Vários acusados neste mesmo inquérito já foram liberados por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
DEFESA TENTA HABEAS CORPUS
O criminalista Fernando Augusto Fernandes, responsável pela defesa do ex-governador, afirmou que o decreto de prisão ocorrido em razão de decisão da 100ª Vara Eleitoral de Campos vem na sequência de uma série de prisões ilegais decretadas por aquele juízo e suspensas por decisões liminares do Tribunal Superior Eleitoral.
“A prisão a qual está submetido o ex-governador é abusiva e ilegal e decorre de sua constante denúncia de abusos de maus tratos a pessoas presas ilegalmente naquela comarca. Estas denúncias de abuso foram dirigidas à Corregedoria da Polícia Federal e ao juiz, que nenhuma providência tomou. Pessoas presas mudaram vários depoimentos após ameaças do delegado. No entanto, o TSE já deferiu quatro liminares por prisões ilegais. A Justiça certamente não permitirá que este ato de exceção se mantenha contra Garotinho”, disse o advogado, que aguarda para as próximas horas o julgamento de um pedido de habeas corpus impetrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
*Atualizada em 16/11/2016 às 13h59min