Em quatro meses de isolamento social para prevenir e combater a propagação da pandemia do novo coronavírus, o estado do Rio de Janeiro registra diminuição de crimes violentos neste período.
Segundo dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), a queda é consequência do distanciamento social, que ajudou na redução da criminalidade, e da diminuição dos registros das ocorrências.
Mas o isolamento também pode ter refletido em alguns casos de subnotificações, porque a maioria das ocorrências de violência são efetuadas de forma presencial. Os dados são referentes aos registros de ocorrência lavrados nas delegacias de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro.
SERVIÇOS FORAM MANTIDOS
Durante o período de restrições, os serviços da Delegacia Online e da Central 190, assim como o atendimento presencial para medidas de urgência em todas as unidades policiais e nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), não tiveram os funcionamentos alterados.
Por outro lado, neste período a população enfrentou dificuldades de mobilidade por conta das restrições nos serviços de transporte.
VIOLÊNCIA NO ESTADO DO RJ
1 – Crimes violentos letais intencionais (homicídio doloso, roubo seguido de morte e lesão corporal seguida de morte)
Foram 1.953 vítimas nos seis primeiros meses de 2020 e 260 em junho. Foi o menor índice para o primeiro semestre e para o mês de junho desde 1999.
2 – 1º semestre de 2019 x 1º semestre de 2020
Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou queda de 10,2% em relação ao primeiro semestre do ano e de 14% em relação a junho.
3 – Já os homicídios dolosos
Foram contabilizadas 1.898 vítimas nos seis primeiros meses de 2020 e 256 em junho. Esses valores representam o menor índice para o acumulado e para o mês de junho desde 1991. Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou queda de 9% em relação ao primeiro semestre do ano e de 23% em relação a junho.
4 – Roubo seguido de morte
Foram 40 vítimas nos seis primeiros meses de 2020 e duas em junho. Esses valores representam o menor para o acumulado e para o mês desde 1991. Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou 28 mortes a menos em relação ao primeiro semestre do ano e seis a menos em relação a junho.
MORTES EM CONFRONTO
Os índices também caíram quando se trata de morte por intervenção de agente do Estado. Foram 775 mortes nos seis primeiros meses de 2020 e 34 em junho.
Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou redução de 12% em relação ao primeiro semestre do ano e redução de 78% em relação a junho.
ROUBO DE CARGA
Quando é analisado o roubo de carga, as delegacias do estado do Rio de Janeiro contabilizaram, 2.556 casos nos seis primeiros meses de 2020 e 404 em junho.
Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou queda de 36% em relação ao primeiro semestre do ano e de 33% em relação a junho. Mesma média com o roubo de veículo, 13.797 ocorrências nos seis primeiros meses de 2020 e 1.744 em junho. Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou queda de 36% em relação ao primeiro semestre do ano e de 44% em relação a junho.
ROUBO NAS RUAS
Em comparação ano passado houve uma queda 42% nos roubos de rua (roubo a transeunte, roubo de aparelho celular e roubo em coletivo): 37.763 registros nos seis primeiros meses de 2020 e 4.385 em junho.
Na comparação com o ano passado, o indicador apresentou queda de 42% em relação ao primeiro semestre do ano e de 54% em relação a junho.
EFEITO QUARENTENA
No período analisado de distanciamento social no estado do Rio de Janeiro (13 de março a 30 de junho de 2020), é possível observar redução das ocorrências de “Violência Contra a Mulher” registradas nas Delegacias da Secretaria de Estado de Polícia Civil:
1 – Queda de 58,6% do número de mulheres vítimas de Violência Moral
2 – Queda de 56,7% no índice de Violência Patrimonial;
3 – Redução de 51,5% das vítimas de Violência Psicológica
4 – Queda de 41,8% das de Violência Sexual;
5 – Queda 40,2% das vítimas de Violência Física.
6 – Os crimes tipificados pela Lei Maria da Penha também apresentaram diminuição: 41,6%.
EM CASA, CRIMES MAIS GRAVES
Apesar do número de vítimas ter apresentado queda nos crimes analisados, a proporção de crimes que ocorreram em casa aumentou para os crimes mais graves.
No período analisado em 2020, 67,2% das mulheres vítimas de Violência Física (60,3% em 2019) e 68,0% de Violência Sexual (57,4% em 2019) foram vitimadas dentro de casa.
Contudo, o número de ligações para a Central de Atendimento do Disque Denúncia apresentou redução de 27,4% das denúncias de “Violência contra Mulher”.
Por outro lado, as ligações recebidas pelo Serviço 190 da Secretaria de Estado de Polícia Militar referentes a “Crimes contra a Mulher” registraram um aumento de 12,5% em relação aos mesmos dias do ano passado.
Na análise mensal, o número de vítimas de feminicídio em junho de 2020 apresentou quatro vítimas a mais em relação ao mesmo mês do ano passado: 9 vítimas neste ano contra 5 no ano passado.
O total de crimes com vítimas mulheres que foram registrados sob a Lei Maria da Penha teve um declínio de 24% em junho (4.191 em 2020 e 5.510 em 2019), porém, ao comparar com maio de 2020, houve um aumento de 34%.
Os estupros com vítimas mulheres no mês de junho também registraram queda: 10%. Foram 319 vítimas mulheres em junho deste ano contra 354 em junho do ano passado. Em contrapartida, ao comparar com maio de 2020, o indicador apresentou aumento de 44%.
CASOS DE ESTELIONATOS
O número de estelionato apresentou aumento de 72,0% no mês de junho em relação a junho de 2019: foram 5.210 casos – esse é o maior valor da série histórica, iniciada em 2003.
Ainda em junho, a proporção de casos de estelionato ocorridos em ambiente virtual apresentou aumento significativo. Comparado com o mesmo mês do ano passado, os casos em ambiente virtual passaram de 9,2% em junho de 2019 para 29,7% em junho de 2020.
Os dados divulgados pelo ISP são referentes aos registros de ocorrência lavrados nas Delegacias de Polícia Civil do estado. Existem outras fontes de denúncias que podem ser utilizadas para reportar esses crimes, como a Central 190 e o Disque Denúncia (021 – 2253-1177).