Enquanto na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), a concessionária Águas do Paraíba castiga a população com esgoto vazando nas ruas, na cidade de Macaé (RJ), a BRK Ambiental e a Secretaria Municipal de Ambiente e Sustentabilidade (SEMA) realizam o projeto piloto regando jardins através da água de reuso (não potável).
O projeto é parte de uma iniciativa visando uso racional e eficiente da água, minimizando a possibilidade de perdas e desperdícios.
“É uma solução consciente, já que grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso da água. Ou seja, promover o uso sustentável é uma ótima alternativa para o aumento da disponibilidade desse valioso recurso para fins em que realmente há a necessidade de potabilidade”, explica o diretor da BRK Ambiental, Sergio Trentini.
ENTENDA O CASO
A água de reuso é residuária do tratamento de efluentes sanitários das estações da cidade e está dentro de padrões estabelecidos para a sua reutilização.
Como tem uma qualidade inferior quando comparada à água potável, não é usada diretamente para consumo humano, mas pode ser aproveitada em diversas atividades, como limpeza de ruas, irrigações paisagísticas, lavagem de carros e equipamentos e manutenção de redes de esgoto.
O caminhão pipa identificado como sendo de água de reuso residuária do tratamento de esgoto está circulando pela cidade, para atender a programação da rega das mudas plantadas sob a supervisão da Coordenadoria de Arborização.
Uma das atividades em que a água de reuso está sendo utilizada é a rega das novas mudas de espécies variadas que estão sendo plantadas na cidade.
A iniciativa é da Coordenadoria de Arborização e Paisagismo da Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade e até meados de 2020 tem por objetivo plantar mais 2,5 mil mudas, além das que já foram plantadas em áreas como entrada da Lagoa de Imboassica, na Praia do Pecado, no Lagomar, na Glória e no entorno do Shopping Plaza.
“Foram plantadas mil mudas durante este ano e a nossa intenção é fazer logo nas primeiras semanas de janeiro o plantio em toda Avenida Amaral Peixoto. Podemos avaliar que o nosso trabalho foi positivo, no entanto, quanto mais áreas arborizadas, melhor qualidade do nosso ar”, conclui a coordenadora de Arborização e Paisagismo, Alessandra Veloso.
CRISE DE SANEAMENTO EM CAMPOS
Na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), o município enfrenta um problema crônico com esgoto sanitário. A concessionária Águas do Paraíba, que cobra a taxa de esgoto mais cara do Brasil no município, enfrenta duras críticas por manter vazamento de esgoto nas ruas.

Em alguns casos, o esgoto volta para dentro do quintal das residências. Atualmente a população da cidade se mobiliza contra a possibilidade do município aditivar o contrato da empresa por mais 15 anos.
Águas do Paraíba faz parte do Consórcio Águas do Brasil, integrado pela Queiroz Galvão e Carioca Engenharia. As duas empresas estão implicadas no âmbito da Lava Jato por pagamento de propina a agentes públicos.
Um dos executivos do Consórcio, Rodolfo Mantuano, que é delator na Lava Jato, foi responsável pela implantação de Águas do Paraíba em Campos. Ao longo dos últimos anos na cidade, a empresa se notabilizou por manter generosos contratos com setores da mídia local por suposta troca de blindagem nos noticiários, relação denominada no mercado publicitário como “mensalão da imprensa”.