O prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), Rafael Diniz, retomou um calendário de ações com potencial de gerar impactos positivos na opinião pública. Uma das agendas, foi a inauguração da nova Unidade Pré-Hospitalar (UPH) São José, em Goytacazes, realizada na sexta-feira (05).
O distrito é porta de entrada na Baixada Campista, o segundo maior colégio eleitoral do município.
A unidade foi anunciada com aparelhos de alta tecnologia e com promessa de dobrar o número de atendimento à população dos distritos e localidades, o que deverá contribuir para desafogar o atendimento no Hospital Ferreira Machado (HFM), referência no atendimento de emergência no Norte Fluminense.
“A unidade foi entregue após oito anos de espera”, destaca o governo por meio de release oficial.

ENTENDA O CASO
A UPH São José é um símbolo para o governo não apenas por se tratar de uma obra que foi iniciada no governo Rosinha Garotinho (grupo político adversário do governo), quando teve o cronograma atropelado pela crise financeira e a instabilidade política de 2016.
É também um marco sob o ponto de vista político, porque simboliza que o governo Diniz está destravando uma agenda que terá reflexos no calendário eleitoral de 2020, quando o prefeito estará disputando reeleição.
O calendário de inaugurações reforça a tese de que é sempre temerário antecipar atestado de óbito para um candidato da máquina administrativa. O ex-governador Anthony Garotinho, por exemplo, já declarou que o atual prefeito dificilmente estará disputando um segundo turno na eleição de 2020, em função do desgaste do governo.

TEMPESTADE NA PLANÍCIE
Diniz atravessou tempos de intempéries. Em função dos entraves administrativos decorrentes de queda de receita, inoperância por parte de alguns colaboradores e também deficiências pontuais, o governo chegou a ser alvo de uma descrença generalizada até entre aliados. Alguns vereadores da bancada governista chegaram a costear o alambrado.
O ápice da descrença se deu no período em que a saúde estava sob o comando da ex-secretária Fabiana Catalani. A pasta, no entanto, ganhou nova dinâmica com a nomeação do atual secretário Abdu Neme, um médico cardiologista e vereador licenciado.
Mas, como ensinam os manuais de política nesta cidade do Norte Fluminense, máquina é máquina, e nunca deve ser subestimada em uma eleição. Já faz algum tempo que Diniz retomou o caminho das ruas. Está percorrendo bairros e distritos com um mutirão de combate a dengue e não está encontrando a tão propagada rejeição ao se defrontar com a comunidade.
São sinais de que a tempestade na planície (Campos é uma cidade plana) pode atenuar, desde que não haja acidentes de percurso. E quais seriam os acidentes? Vamos aos mais previsíveis: queda de receita, escândalos, judicialização, secretários aloprados ou fogo amigo.
O governo agora quer rua. O cronograma inaugurações, além do hospital, prevê a entrega das obras do camelódromo, no Centro da cidade, e um novo Restaurante Popular, além de já ter consumado entrega de escolas reformadas e funcionando em tempo integral.
O restaurante que funcionou no governo Rosinha Garotinho servindo refeições a R$ 1 foi fechado na administração Diniz em função da queda de receitas e sob alegação de dívidas herdadas do governo anterior.
Outro tópico no cronograma é a implantação de um novo sistema de transporte integrado, talvez, o projeto mais emblemático, porque o transporte público envolve uma massa de 250 mil usuários, sendo um dos alvos de maior desgaste para administração desde o fim do programa de passagem a R$ 1. O transporte local ainda é caótico.
NOVO PANORAMA
Enquanto o transporte não vem, o Hospital São José é um excelente portfólio. Com emergências pediátrica e de adulto separadas e Clínica Médica, a nova UPH, segundo o governo, também terá médicos em 17 especialidades.
ESPECIALIDADES CLÍNICAS DA UPH
Dermatologia, Cardiologia, Urologia, oftalmologia, angiologia, nefrologia, Ortopedia, Pediatria, Reumatologia, Proctologia, Clínica Médica, Endocrinologia, Gastroenterologia, Geriatria, Ginecologia e Hematologia.
Todos os consultórios são equipados com computadores e um sistema de convocação de pacientes.
“Mais uma obra que está sendo concluída, um grande sonho da população da Baixada Campista que hoje está sendo entregue, todo equipado para melhor atender. Sabemos das enormes dificuldades que a cidade está passando, Campos não vive mais o ápice dos royalties do petróleo e é preciso falar a verdade. Esta obra foi concluída com todo esforço da gestão, buscamos emendas parlamentares”, disse o prefeito no discurso de inauguração.
“Fizemos questão de entregar a UPH São José quando estivesse em plenas condições de atendimento. Agradeço a todos que estiveram empenhados no projeto, tenho certeza que toda população da Baixada Campista irá fazer um bom uso do São José”, disse o secretário de Saúde Abdu Neme.
A UPH foi construída em uma área de 2.700 m², em dois pavimentos. São 10 consultórios ambulatoriais, cinco consultórios de emergência e 35 leitos de enfermaria — sendo 29 de adultos e seis de pediatria. Dez cadeiras de hidratação adulto e seis inalação pediátrica. Os setores de emergências adulta, pediátrica e ambulatorial terão recepções e atendimentos separados.
Na unidade, o atendimento e o prontuário dos pacientes serão informatizados. Também haverá setor para procedimentos invasivos, eletroencefalograma e farmácia. Na parte superior ficará toda parte administrativa, além de refeitório, dormitórios para equipe médica e de enfermagem, e, ainda, um miniauditório para cursos e palestras.
Apesar dos percalços, a máquina administrativa de Campos dos Goytacazes ainda pulsa e a consumar um cronograma de inaugurações e ações externas, terá força suficiente para levar o seu candidato ao segundo turno. O governo elenca entre os feitos o saneamento de dívidas, o que estaria permitindo manter serviços, salários em dia e tocar as inaugurações. Portanto, Rafael Diniz está na rua e jogando pela reeleição. Em condições normais, não será um alvo fácil de ser abatido.