Em reunião com o vice-presidente Hamilton Mourão nesta segunda-feira (20), o prefeito da capital de Manaus (AM) Arthur Virgílio lamentou o quanto tem sido penoso se relacionar na esfera Federal.
O mais duro nesse estágio de calamidade, segundo ele, é assistir Bolsonaro focado em manifestações pedindo a volta do AI-5 enquanto a cidade vivencia uma tragédia humanitária.
Virgílio pediu tomógrafos, pessoal treinado, equipamentos de proteção individual e remédios para enfrentar a pandemia. Falta tudo na área de saúde. “O Tamiflu (nome comercial do oseltamivir) estamos dando contados”, disse em entrevista à Folha de São Paulo.
O único remédio no receituário do Palácio é o AI-5. “Não podia deixar de condenar o presidente participar de um comício, aglomerando, e ainda por cima tecendo loas a essa coisa absurda que foi o AI-5. Cassou meu pai, Mário Covas, pessoas acima de quaisquer suspeitas, e que serviam o país”, disse.
E sobre as aglomerações:
“É de extremo mau gosto o presidente participar de um comício, insistentemente contrariando a OMS e os esforços que fazem governadores e prefeitos”, disse Virgílio. “Bolsonaro toca diariamente nas minhas feridas.”
O prefeito de Manaus não pediu segredos sobre o que tratou e falou na reunião com o vice-presidente. Disse que Mourão ouviu as críticas a Bolsonaro calado.
Horas depois do desabafo, segundo a Folha, Bolsonaro voltaria a incomodar o prefeito ao dizer que “não é coveiro” após ter sido perguntado sobre o número aceitável de mortes por coronavírus.
“Queria dizer para ele que tenho muitos coveiros adoecidos. Alguns em estado grave. Tenho muito respeito pelos coveiros. Não sei se ele serviria para ser coveiro. Talvez não servisse. Tomara que ele assuma as funções de verdadeiro presidente da República. Uma delas é respeitar os coveiros”, afirmou Virgílio.