Processo que julga acusação de compra de votos joga a cidade sede do Porto do Açu na zona de incerteza |
O processo decorrente da Operação “Machadada”, realizada às vésperas da eleição de 2012, ameaça embaralhar o jogo no processo sucessório de São João da Barra, no Norte Fluminense. Figuram como réus a ex-prefeita Carla Machado (PP), o vice-prefeito Alexandre Rosa (PPS) e o atual prefeito José Amaro de Souza Neco (PMDB). Eles são acusados de comprar apoio político. O ex-prefeito Betinho Dauaire (PR), que disputou a eleição e perdeu, está aparentemente distante deste episódio. Aparentemente, diga-se de passagem, porque há quem afirme que ele está acompanhando todos os compassos do julgamento.

Betinho em todo este episódio é como um personagem fingindo-se de morto para surpreender o coveiro. Em caso de condenação dos réus, ele seria o principal beneficiado, já que foi o segundo colocado na eleição de 2012. Qualquer que seja o resultado do processo que já aguarda sentença do juiz Leonardo Cajueiros, caberá recurso em instâncias superiores, mas em caso de condenação, cria-se um ambiente perigoso para as duas correntes políticas que estão implicadas no episódio.
A Operação Machada é cercada de polêmicas. Na véspera da eleição de 2012, a prefeita Carla Machado e o então presidente da Câmara, Alexandre Rosa, chegaram a ser presos com base em gravações obtidas pela Polícia Federal. As investigações concluíram que Carla Machado tentava comprar apoio político para favorecer o seu candidato, o atual prefeito Neco. Atualmente os dois são adversários. A atuação consistiria na compra de candidatos a vereadores em partidos adversários visando esvaziar a nominata.
Os advogados da ex-prefeita arguiram várias ilegalidades nas investigações. Já o delgado da Polícia Federal, Paulo Cassiano, que comandou a operação, afirma que todos os procedimentos seguiram os ritos legais. Em audiência recente, uma das testemunhas de defesa chegou a ser conduzida pela Polícia no meio da audiência, depois de admitir que recebera dinheiro para mudar o depoimento.
Uma coisa, no entanto, é convergente em todo este processo: a eleição de 2012 em São João da Barra ainda não terminou e o calendário de 2016 poderá começar cercado de incertezas.