A morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, vítima de uma bala perdida no Complexo do Alemão, no Rio, na sexta-feira (20) deveria levar os eleitores do governador Wilson Witzel (PSC) e do presidente Jair Bolsonaro a realizarem uma autocrítica.
Eles fizeram uma opção preferencial por dois políticos que defendem a teoria da liberação do porte de arma e do confronto armado como solução para conter a criminalidade. Com isso, revestiram de autoridade cultuadores da violência oficial.
Este segmento da sociedade deixou-se encantar pelo apelo midiático de postulantes a cargos públicos fazendo poses simbolizando tiro, porrada e bomba, sem medir as consequências que agora surgem a conta gotas.
Só este ano, já são 16 crianças feridas por bala perdida região do Grande Rio. Cinco delas morreram. Ao todo, são 139 pessoas feridas e 40 delas mortas.
Um protesto contra a política de segurança do governo Witzel
ocupa as escadarias do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio, no Centro do Rio. O grupo lembra a morte da menina Agatha Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão.Reportagem: Bárbara Souza pic.twitter.com/K3qEDez5la
— CBN Rio (@cbnrio) September 23, 2019
As denúncias de moradores do Complexo do Alemão apontam que Ágatha foi atingida por tiros disparados de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), quando estava dentro de uma kombi. Foi ferida nas costas por um tiro de fuzil.
Na hipótese do autor do disparo ser um policial, o que poderá ser comprovado por exames de balística, o Estado deverá buscar a punição, mas há de se avaliar as circunstâncias, sem obviamente, poupar o criminoso.
A Polícia segue um protocolo e o que orienta a segurança no governo Witzel é a banalização dos disparos. O próprio governador é afeito a pilotar helicópteros com snipers tendo favelas como alvo.
Segundo relata um oficial da PM, a possibilidade de um sniper bem posicionado em terra firme acertar um alvo é de 99%. De dentro de uma aeronave em movimento, levando-se em conta fatores como instabilidade e influência de vento na trajetória de um projétil, esta possibilidade de acerto cai para 15%.
Portanto, é dentro desta margem de erro que o governador do Rio gosta de atirar contra comunidades carentes à pretexto de combater violência.
Witzel é um desalmado que trata favela como nação inimiga. Se as agressões do Estado contra os favelados ocorressem em conflito entre dois países, Witzel seria julgado por crime de guerra.
Essa política de segurança está fadada ao fracasso e precisa ser denunciada nos organismos internacionais, porque continuará matando gente inocente.
O caso Ágatha provocou comoção, mas a gritaria será maior quando a bala resvalar para o asfalto e começar atingir os filhos da classe média. Aí, sim, teremos passeatas pela paz em Copacabana.