No pleito de 2016, quando disputou sua primeira eleição como candidato à Prefeitura de Campos, Caio Vianna (PDT), filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna era um jovem com 27 anos.
Mesmo tendo o pai contra a sua candidatura e apoiando outro candidato, o então deputado Geraldo Pudim (MDB), o jovem saiu-se bem. Teve mais de 33 mil votos, enquanto que Pudim ficou abaixo de 2 mil votos. Não teve a vitória eleitoral, mas saiu com uma vitória política.
Dois anos depois, Caio seria candidato à deputado Federal e com 21 dias de campanha obteve uma votação que quase lhe garantiu um mandato. Ficou com a primeira suplência no PDT. Perdeu para ele mesmo, por conta de um estilo de campanha com pouquíssima presença de rua e incerteza no cumprimento de agendas.
Mas nessas duas eleições estava um Caio ponderado e propositivo. Ainda que o estilo pessoal afetasse o desempenho, a imagem que ficou garantiu um recall para disputar o mandato de prefeito nas eleições deste ano. E olha que as companhas anteriores foram com parcos recursos.
Agora, no entanto, está em campanha um Caio Vianna raivoso e aparentemente transtornado, ainda que o dinheiro não seja problema. Só de Fundo Partidário são quase R$ 3 milhões.
Hoje sobra dinheiro e não falta disposição para agredir o adversário Wladimir Garotinho (PSD). Agride, sobretudo a família, o que é horrível e antipatiza.
O candidato que primava pela ponderação trocou o estilo propositivo por uma campanha de ódio que poderá lhe render um índice de rejeição que surpreenderá ao final das eleições, porque historicamente eleitor de Campos não tolera agressor.
O prefeito Rafael Diniz em 2016 foi um ponto fora da curva devido ao ambiente de judicialização da política local com apoio de setores da mídia.
As conexões do candidato pedetista nessas eleições é outro desacerto. Quem acompanha a política regional sabe que determinadas companhias não são recomendáveis. Os aliados do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, que estão a lhe assessorar, por exemplo, dispensam comentários.
Neves chegou a ser preso em Niterói sob acusação de cobrar propina de empresários do setor de transportes coletivos, além de ser um personagem notório nas delações do marqueteiro Renato Pereira, no processo que envolve Sérgio Cabral. É um coronel com todos os vícios da velha política com verniz de sociólogo.
Campos é uma cidade com as contradições que se verifica em muitas regiões do Brasil, só que tem peculiaridades com impacto nas decisões do voto. Uma das peculiaridades é a desconfiança nativa ante a invasão alienígena. O autêntico campista é desconfiado por natureza e o novo Caio gera muito mais insegurança do que convicção.
Ao assistir trechos de um debate entre os dois candidatos nesta quinta-feira (26), na TV Record, foi entristecedor testemunhar a metamorfose de um jovem político promissor em discípulo da campanha de ódio.
O ex-prefeito de Macaé Sílvio Lopes, um dos grandes frasistas regionais, costuma dizer que “as pessoas não mudam, apenas se revelam”. É possível que Caio Vianna esteja mais no processo de revelação do que propriamente de mudança.
Só que cegueira pelo poder é indisfarçável. A ambição conduz a desgraça e atuando na cobertura política há mais de três décadas, testemunhei muitas carreiras políticas naufragarem no nascedouro quando o postulante buscou a vitória na base do vale tudo. Isso não termina bem.