A segurança alimentar em tempos de covid-19 é uma grande preocupação nesta 2ª onda da pandemia em todo mundo. A chegada da vacina traz grandes expectativas, mas há barreiras a serem superadas. Uma delas é a logística necessária para que a imunização ocorra na velocidade que o mundo precisa, oferta de vacinas e desburocratização governamental.
Esses tópicos foram elencados no webinar “Covering The Covid-19 Vacine: What Journalists Need To Know”, realizado na sexta-feira (29), pelo Knight Center Journalism in the Americas, Texas University (EUA).
Com três horas de duração, o evento virtual reuniu grandes especialistas internacionais na área de infectologia, virologia, além de representantes da Organização Mundial de Saúde, Unesco e FAO.
O evento, que também contou com a participação de jornalistas especializados na cobertura científica, foi financiado pela União Europeia.
Estávamos lá conectados com mais de 100 jornalistas do mundo, todos ávidos por informações sobre a campanha de imunização mundial e as perspectivas em curto, médio e longo prazos.
FOME NA PANDEMIA
Há uma convicção de que a pandemia agravou o problema da fome no mundo. Os números compravam. A crise na saúde global impôs sérias restrições para as populações que já viviam em situação de vulnerabilidade alimentar e retraiu a economia.
Diante da fome, muitos países e cidades não conseguem formular respostas imediatas para trabalhadores que são obrigados a manterem-se confinados em casa para se proteger do vírus. São confinados por leis e decretos sem receber contrapartidas em forma de doação de alimentos ou subsídios para comprar. Ficam entre a escolha: morrer de fome ou enfrentar a Covid-19.
Nos EUA, a maioria democrata no parlamento tenta aprovar um projeto lei de emergência na ordem de US$ 1,9 trilhão para beneficiar os trabalhadores. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro cortou o Auxílio Emergencial de R$ 600.
A outra grande questão é quando a imunização vai alcançar todos os grupos etários, de forma a atenuar a letalidade da Covid-19.
Há um consenso científico de que nenhuma das vacinas que estão sendo utilizadas contém fórmula milagrosa para proteger os pacientes 100% contra o vírus. Todas, no máximo, transformam a covid-19 em uma gripe com menos potencial, como acontece com as vacinas contra o vírus H1N1 e outras variedades de gripe.
Ressalvando que as respostas das vacinas como a Coronacac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o governo da China, tem uma eficácia de 54%%, quando a vacina contra o vírus H1N1 tem eficácia de 40%.
Outro consenso é quanto às medidas preventivas. A humanidade terá que se habituar ao uso mais frequente de máscara e a higienizar as mãos, mesmo depois de superar essa crise global. São hábitos que chegaram para ficar.
A imagem do Brasil, em função da atuação do país no combate a pandemia, é catastrófica. A circulação de brasileiros por outros países será muito dificultada em função do atraso na distribuição de vacinas. Corre-se o risco do mundo ficar imunizado e o Brasil continuar tropeçando nas trapalhadas do governo Bolsonaro.
É possível concluir que somos candidatos a párias e viagens de turistas neste território tende a ser considerada atividade de risco.
O webinar foi moderado pela brilhante jornalista científica e professora universitária, a norte-americana Mary MacKenna. Ela enfatizou que nesses tempos, além da Covid-19, a humanidade continua enfrentando um outro vírus letal: a campanha de desinformação. A infodemia é tão perniciosa quanto o vírus que ameaça a vida.