A crise de semicondutores e chips assombra vários setores da indústria nos dias de hoje. A falta desses produtos já dura mais de um ano e não deve cessar tão cedo. Anteriormente, esperava-se que em 2021 a oferta de semicondutores estivesse normalizada.
Mas com uma demanda alta, a crise deve persistir ainda pelo menos até o segundo semestre de 2022. Por ser um material fundamental para a produção de eletrônicos, o impacto da crise de semicondutores é extenso.
Entenda um pouco mais sobre o assunto, como as causas dessa crise, os seus impactos e, também, o que são semicondutores, inclusive os motivos da sua importância e alta demanda do mercado.
Desdobramentos da crise dos semicondutores e chips
Como dito anteriormente, a falta de semicondutores afeta vários setores. Por exemplo, a produção de eletrodomésticos, automóveis e, inclusive, aparelhos eletrônicos, como computadores e smartphones. Com isso, mesmo havendo procura do consumidor, sem esse produto, a fabricação nesses setores terá que ser freada ou até mesmo paralisada por algumas empresas. Consequentemente, a fabricação de equipamentos eletrônicos acabará atrasada em todo o mundo.
Um dos motivos para a falta de semicondutores é a pandemia de Covid-19, que mudou os padrões de consumo de grande parte da população. Com o isolamento social, o Home-office tornou- se uma realidade, e a compra de equipamentos eletrônicos disparou. No entanto, a culpa dessa crise não é só da Covid-19.
Crise dos semicondutores e chips: histórico
Isso porque, a crise de semicondutores é anterior à pandemia. Os problemas com a oferta do material começaram com a guerra comercial entre China e Estados Unidos. A disputa entre as duas maiores potências da atualidade teve início em 2018. Mas foi em 2020, com a intensificação da tensão entre os dois países, que a situação ficou mais grave.
O ex-presidente norte-americano, Donald Trump, foi restringindo pouco a pouco a venda dos chips produzidos no país para os compradores chineses. Diante disso, algumas empresas da nação asiática passaram a estocar o produto. Elas passaram a acumular o necessário para um mês de fabricação dos seus produtos, algumas delas compraram semicondutores para seis meses de funcionamento.
Em pouco tempo, então, a demanda de semicondutores já alta, explodiu. Além disso, a compra intensa na prática liquidou quase que totalmente esse material.
Para se ter uma noção da intensificação da sua comercialização, os dados da alfândega chinesa mostram que houve um aumento de 15% nas importações de semicondutores, movimentando nada menos que 35,9 bilhões de dólares em março de 2020, por exemplo.
A produção também foi comprometida ainda por uma série de outros fatores em Taiwan e Japão, outros polos de produção desse material fundamentais para o abastecimento do mundo todo.
Em Taiwan, a produção de semicondutores é ameaçada por problemas de seca. A falta de chuva é um problema, pois para a fabricação do material é preciso um enorme consumo de água. Enquanto isso, no Japão, há pouco tempo, um incêndio em uma grande fábrica de semicondutores comprometeu parte do maquinário. Já nos Estados Unidos, períodos de frio extremo, comuns no fim do ano, também podem ser prejudiciais para a produção do material.
O que é?
Já deu para entender que a procura no mercado por esse material é intensa. Mas afinal, o que faz dele tão importante? Os semicondutores são materiais capazes de conduzir correntes elétricas e, por isso, servem como matéria-prima para a produção de chips, que por sua vez, estão presentes nos equipamentos eletrônicos. Os tipos mais comuns e usados de semicondutores no mercado são o silício e o germânio.
Classificação
A classificação desse material é dada de acordo com o tipo de condução elétrica que os semicondutores realizam.
Intrínseca
Pode ser intrínseca, que é quando eles recebem energia do calor, luz ou tensão elétrica para funcionar.
Extrínseca
Ou também pode ser extrínseca, que é quando eles recebem uma carga negativa por meio da inserção de outros elementos. No caso do silício e do germânio, estamos falando em semicondutores classificados como intrínsecos.
Por que é difícil acabar com a crise
Você deve estar se perguntando então, por que não aumentar em larga escala a produção de semicondutores para resolver essa crise? Isso, na verdade, não é tão simples assim. Visto que, dar uma resposta prontamente, ou seja, em um curto para essa crise é impossível.
Isso porque, há algumas barreiras técnicas ao aumento de produção dos semicondutores. As fábricas desses materiais precisam de dois ou até quatro anos para se tornarem operacionais. Por isso, solucionar a crise de semicondutores rapidamente não é viável. É a longo prazo.
Impacto massivo na produção
Por conta dos semicondutores serem fundamentais na produção de vários setores da indústria, há uma alta demanda, que acaba sendo maior que a oferta. Isso provoca uma escassez de material que irá impactar, e muito, na produção global. As indústrias de equipamentos eletrônicos devem sofrer com bastante com o prolongamento da falta de semicondutores, que deve provocar um aumento nos preços dos produtos finais, aqueles que a população compra.
A crise de semicondutores já traz mudanças na produção. Os fabricantes desse material tentam aumentar a capacidade, alterando os seus processos. Por exemplo, abrindo a capacidade sobressalente, realizando auditoria dos pedidos dos clientes para evitar a acumulação e fazendo trocas nas linhas de produção.
Como isso pode atrasar a produção de eletrônicos no mundo
Como os semicondutores alimentam vários segmentos, a sua demanda é altíssima. Os aparelhos eletrônicos, por exemplo, são fundamentais atualmente, mas a sua produção está sujeita a atrasos.
Para se ter uma noção da busca pelos semicondutores, estima-se que eles sejam o quarto material mais comercializado no mundo. Apenas automóveis, petróleo refinado e o petróleo bruto estão na sua frente. Com isso, a escassez e atraso da produção serão o principal impacto da crise de semicondutores. Grandes companhias terão que frear a sua produção.
Sem uma das suas principais matérias-primas, a tendência, inevitavelmente, é que a produção fique mais cara. Sendo assim, a escassez e atraso da produção de semicondutores afetará a fabricação e os custos desde de eletrônicos como smartphones, até de automóveis.