A cotação internacional do barril do petróleo deverá manter-se estagnada no primeiro semestre de 2020, em função das projeções de aumento na oferta, segundo projeções da Agência Internacional de Energia (IEA). As informações são do canal RT.
Além da produção do xisto nos EUA, outros três países deverão impulsionar o estoque mundial: o pré-sal no Brasil, a produção da Noruega e da Guiana. Esses países deverão elevar a oferta não pertencente à OPEP em 2,3 milhões de barris por dia (mb/d), quase o dobro do aumento esperado da demanda de 1,2 mb/d.
Com o suprimento mundial superando a demanda, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) deverá deliberar por mais cortes na produção na reunião que acontecerá no início de dezembro, em Viena.
Em tempos recentes, a oferta mundial foi definida pela produção do xisto, mas agora o cenário se dinamizou, com outros atores no jogo. O xisto está perdendo protagonismo, mas Brasil, Noruega e Guiana estão atravessando o samba.
CONFIRA OS CENÁRIOS PARA 2020
1 – O aumento da produção de petróleo tende a complicar a tarefa da OPEP +. Os cortes de produção devem expirar no final de março de 2020, mas espera-se que o cartel de países exportadores estenda esse contrato até o final do ano.
2 – Um mercado mundial continuamente bem abastecido com petróleo sinaliza uma economia global frágil. Com a economia retraída, a demanda por petróleo bruto deve cair drasticamente, impactando negativamente sobre os preços. Isso reforça a necessidade de mais cortes na produção.
3 – A AIE reconhece alguns contratempos para os produtores de xisto dos EUA. Os investidores estão retraídos. Empresas individuais de xisto também estão admitindo que irão restringir as perspectivas de crescimento. Contudo, a AIE ainda prevê um crescimento da oferta dos EUA em 1,2 mb/d em 2020, um valor inalterado em relação ao relatório do mês passado.
4 – A consultoria Goldman Sachs é mais pessimista sobre o xisto americano: reduziu sua previsão de fornecimento em 2020 de xisto para apenas 600.000 bpd. O IHS Markit prevê uma desaceleração ainda mais dramática. A empresa acredita em um crescimento da oferta nos EUA de apenas 440.000 bpd. “O xisto americano está desacelerando rapidamente, afirmou o IHS Markit em um relatório no início deste mês. Em 2021, a empresa avalia a produção do xisto ainda mais “achatada”.
5 – De aumento anual da produção de quase 2 milhões de barris por dia em 2018, um recorde mundial de todos os tempos, para praticamente nenhum crescimento até 2021, deixa bem claro que esta é uma nova era de moderação para os produtores de xisto.
6 – Dados recentes apontam para uma desaceleração significativa no crescimento da produção industrial mundial desde o final de 2018. O FMI atribui essa desaceleração a uma queda acentuada na produção e nas vendas de automóveis, à fraca confiança dos negócios e à desaceleração da demanda chinesa.
7 – A guerra comercial EUA-China tem muita influência sobre o mercado petrolífero. A AIE disse que a demanda de petróleo seriam 400.000 bpd maior em 2020 se as tarifas fossem removidas. Mas a suposição geral é que a maioria das tarifas permanecerá, apesar do “acordo parcial” pendente que poderia suspender ou atrasar algumas taxas.
8 – Se a AIE estiver correta e o crescimento da oferta global aumentar no próximo ano, a OPEP corre o risco de enfrentar uma queda drástica nos preços da cotação do barril, caso não decida por corte na produção. No entanto, os países exportadores provavelmente podem se acomodar com o fato de o xisto dos EUA estar em queda. Por outro lado, um número crescente de analistas acha que a AIE está superestimando a resiliência do xisto.