A rentabilidade das empresas voltou, mas o salário está achatado e a campanha “natal sem fome” voltou forte;
O noticiário corporativo das empresas brasileiras começa promissor, diante da constatação de que em 2017 veio a recuperação dos lucros em diversos ramos da atividade produtiva brasileira. A tênue recuperação econômica já proporciona avanços nas margens e bons resultados para os acionistas.
Na outra ponta, a evolução do salário mínimo nacional é pífia e pode travar a recuperação do consumo das famílias mais pobres do país. Arquivado há anos, a campanha “Natal se fome” retornou forte.
O mercado de trabalho se recupera, através do trabalho informal, aquele segmento que paga salários médios menores acelerando a desigualdade na distribuição da massa de rendimentos do trabalho na terra da jabuticaba. Nesse contexto, oito milhões de profissionais muito bem pagos ( a nata dos 10% mais aquinhoados) concentram 41% da massa de salários, contra apenas 13% na faixa de baixa renda dos 40% mais pobres e com menores salários. Lembrado apenas que o mercado de trabalho nacional envolve 90 milhões de pessoas.
Em tempos de obsolescência tecnológica programada, extrativismo predatório, consumismo, rentismo e individualismo exacerbado, essa elite do mercado de trabalho causa danos irreparáveis. E distorce, também, o consumo per capita de biomassa, combustíveis fósseis e minerais metálicos e não metálicos gerando uma “pegada sobre as matérias primas” ( material footprint), sete vezes maiores, em relação às famílias dos assalariados menos aquinhoadas pela sorte grande dos altos rendimentos e bônus.
Com revolução industrial 4.0 ( revelando robôs substituindo gente na produção de bens e serviços), corte de custos operacionais, lucros crescentes, nova legislação trabalhista “simplificadora” e redução acelerada da seguridade social, o novo leque de rendimentos marcará uma nova fase na vida nacional.
Refiro-me ao incremento da desigualdade de renda e oportunidades na terra onde o pernambucano Gilberto Freire escreveu a obra seminal “Casa Grande e Senzala” e o genial Darcy Ribeiro nos brindou com “ Viva o Povo Brasileiro”. Assim começa 2018.