Governar dá muito trabalho e para dar certo requer prática de reconhecer a realidade concreta cotidiana, discernimento a respeito dos limites entre o público e privado, experiência para inspirar e motivar os agentes privados e habilidade para promover o entendimento entre os diversos interesses e atores legítimos do jogo político municipal.
Resumo da ópera: É crucial ter capacidade de liderar para estabelecer um padrão elevado de ação, bem como habilidade de detectar e evitar crises agudas.
Nestas primeiras semanas de 2021, nas 100 cidade mais importantes do país, o senso de urgência para as necessidades concretas do público envolvem a aceleração da vacinação em massa, o enfrentamento do desemprego crescente e o combate à carestia nos preços de alimentos e tarifas de serviços públicos essenciais (água, luz, telefonia e transportes).
Nesse contexto, os dirigentes estão diante do desafio de ter coragem para fazer o necessário, ainda que haja um custo político para enfrentar situações-limite mediante medidas impopulares, como forma de priorizar o bem-estar coletivo.
Atraso e lentidão na vacinação contra a Covid-19, por exemplo, deverá custar pelo menos R$ 150 bilhões ao PIB do país em 2021. Menos riqueza, menos empregos e menos arrecadação fiscal.
Em tempos de recrudescimento da pandemia e recuperação interrompida, as receitas líquidas de transferências federais a Estados e municípios caíram 13,5%, descontada a inflação, entre 2019 e 2020.
Para 2021, reduzi-las ainda mais poria em risco o funcionamento de certas políticas públicas, levando ao chamado “shutdown”, como é conhecida a paralisação da máquina pública lá fora. A falta de planejamento é clara.
Nesse contexto, um desafio de monta é manter o apreço à transparência, resistir às pressões indevidas, agir mediante o senso de urgência para as necessidades do grande público e disposição de ceder espaço para as demandas pertinentes, ainda que tal comportamento custe recuos táticos e estratégicos.