Uma intensa energia de mudança ronda uma variedade de sociedades ao redor do planeta. E vem na forma de uma espécie de onda de contestações, com toda certeza, refletindo um alto grau de insatisfações com o padrão de vida de seus cidadãos comuns.
Surgiu no século XVII, na Inglaterra o primeiro país capitalista. Seguiu-se com os EUA e França no século XVII, o processo de revoluções burguesas que superariam o domínio da aristocracia agrária, situação está superada pelo surgimento do processo industrial que empregaria uma nova classe – o operariado.
No século seguinte surgiriam os desenvolvimentos retardatários da Alemanha e do Japão. Junto com Itália e Canadá são estes sete países que comandam o processo mundial de acumulação de capital e decidem os destinos da geração de um PIB total de 80 trilhões anuais. Soma-se a esse contingente China e Rússia e seus grandes arsenais bélicos.
A característica intrínseca desse sistema são suas crises periódicas que exigem a “queima” de forças produtivas, mudanças tecnológicas e nova arquitetura das relações sociais de produção. Nesse contexto, desde 2008 vivemos uma crise cíclica que se arrasta e gera gravíssimas contradições e pressões políticas de todas as formas.
No Brasil o processo de industrialização somente viria a surgir, nos anos 30 do século XX, com o governo liderado pelo líder Getúlio Vargas, que criou o DASP, BNDES, PETROBRÁS e outros instrumentos que fortaleceriam o surgimento de uma burguesia nacional, auxiliada por um poder público ativo e regulador.
Este modelo gerou uma acelerada industrialização, destacando-se o setor de bens de consumo duráveis e não-duráveis, bem como o setor de bens intermediários. Não completamos a necessária consolidação de uma indústria de bens de capital (a mais importante de todas) e ainda somos importadores de tecnologia de ponta dos países líderes do sistema.
O modelo desenvolvimentista inaugurado no século passado vive hoje seu ocaso. Sob a argumentação de que o Estado brasileiro engessa a economia. O raciocínio da atual orientação econômica é abrir espaços e recursos para o capital privado nacional e internacional liderar um novo período expansionista na economia brasileira. A política econômica contracionista iniciada no período Dilma/Levy e mantida até os dias atuais sugere como solução desindexar, desvincular e desinvestir recursos estatais, além de desmobilizar ativos públicos.
Sai de cena a articulação inteligente entre setor público planejador, capital nacional e capital internacional, entrando em seu lugar, o livre mercado definindo as ações das unidades produtivas empresariais, da infraestrutura, dos serviços de intermediação e das políticas sociais (débeis).
Trata-se de um modelo com grande semelhança ao implantado no Chile, desde os anos setenta, o mesmo que aliás, entra em colapso neste exato momento. Daí fica uma pergunta básica: O Brasil (uma sociedade desigual e de economia retardatária e dependente) com seu débil tecido social sobreviverá a esta nova onda em curso?