Quadro recessivo traz incertezas nas eleições de 2016 e já constrói um cenário típico de mudança |
Por Ranulfo Vidigal

Vivemos um tempo caracterizado pelo encerramento de um ciclo importante na vida cotidiana de nossa sociedade. De certa forma, vivíamos um momento do tipo: ganha-ganha, onde aparentemente, todos os segmentos sociais podiam auferir ganhos de renda e ascender, diante de uma conjuntura internacional de forte valorização das matérias primas exportadas pelo Brasil, em especial minério de ferro e soja.
Assim, os trabalhadores formais e informais, os aposentados, os pequenos empreendedores, as classes médias, até os industriais e banqueiros ganhavam suas parcelas sem grandes conflitos. Havia, portanto, um reordenamento da economia brasileira que, mediante certo nível de incremento da renda permitia que todos sentissem uma sensação de bem estar, maior empregabilidade e acesso ao crédito.

Em paralelo, a políticas de renda mínima, o incremento do salário mínimo e a previdência social permitiam forte redução da pobreza extrema e indigência no Brasil.
Esse ciclo acabou. O novo quadro envolve perdas para alguns. Com a crise financeira em curso e a necessidade (imposta pelos credores externos e internos) de ajuste fiscal, não há mais a possibilidade anterior e agora essa crise desemboca na perda acelerada de popularidade dos dirigentes de plantão, dos partidos políticos e demais instituições.
(O vídeo abaixo foi produzido pelo PSTU, partido de extrema esquerda, na manifestação realizada por professores em Campos dos Goytacazes contra o governo da prefeita Rosinha Garotinho)
Trazendo esse quadro para nossa região observamos o desemprego, ao longo dos primeiros quatro meses do ano, de um contingente de quatro mil chefes de famílias e encolhimento do valor rela dos salários, conforme a última estatística do CAGED/MT. Mantido esse quadro recessivo teremos menos circulação de renda na economia regional, menor faturamento nos setores de serviços e comércio e forte desconfiança do empresariado em investir sua poupança na abertura de novos negócios.
São tempos de aceleração da inflação e aumento da taxa média de desemprego medida pelo IBGE e queda de arrecadação fiscal (royalties, ICMS, FPM). Nesse contexto a disputa eleitoral de 2016 deve transcorrer, sob um ambiente de forte restrição fiscal e poucas realizações (obras) tornando a disputa acirrada.
Trata-se de um cenário típico de mudanças como já podemos observar no embate social entre categorias de servidores, manifestações da população contra alguns prefeitos ocorrendo pelo interior do Estado do Rio de Janeiro.
*Ranulfo Vidigal é economista.