No meio de uma situação internacional tensionada por crises profundas (social/financeira) na vizinha Argentina, a conjuntura econômica brasileira revela um quadro de fraca recuperação da atividade produtiva, forte desemprego, elevada taxa de endividamento das famílias, inadimplência e atraso em cumprir compromissos básicos (como o pagamento de serviços essenciais de utilidade pública) e salários incapazes de alavancar um novo ciclo virtuoso na oitava economia do planeta.
Um estudo do Instituto Wirtschafts-und Sozialwissenschaftliches (WSI) da Alemanha, analisou o salário mínimo garantido por lei em 37 países, por hora de trabalho. Entre os países pesquisados, o Brasil teve o terceiro pior salário mínimo, ficando à frente apenas da Rússia e da Moldávia.
Assim, no campo social, cresce a pobreza extrema, reduz-se o acesso a serviços públicos básicos, registra-se o crescimento de epidemias e o custo da moradia expulsa populações vulneráveis para lugares distantes e com infraestrutura precária.
Na seara política, organizações, partidos, movimentos e lideranças responsáveis por intermediar a representação dos legítimos interesses em conflito mostram-se atônitas diante de um quadro, cada dia mais confuso e incerto.
Nesse contexto, o sentimento que ganha vida para o embate eleitoral de 2020 revela um desafio, o de reconstruir o poder político real, a partir do território em que as pessoas vivem, produzem e cultivam suas tradições culturais.
O objetivo maior é que as pessoas se tornem titulares do legítimo poder de decidir sobre a própria vida, posto que pagam caríssimos impostos diretos e indiretos.
Para a classe dirigente a tarefa é recuperar o caráter público da gestão orçamentária, investir na construção de bens comuns, debatendo e praticando um modo de sociedade, mais justa, mais solidária, mais cooperativa, com governos preocupados com a qualidade de vida das pessoas, e não em facilitar, apenas, os grandes negócios, mas preferencialmente, a vida do cidadão comum.
Na pauta, o emprego, a seguridade (previdência para os idosos, saúde, e renda básica (de cidadania) e a segurança do núcleo familiar. Portanto, mãos a obras.