Em um ano de eleições presidenciais, guerra na Eurásia, choque de preços de alimentos, custo crescente das fontes energéticas, e agora, alta nos juros internacionais, o país vive um cenário de destruição ambiental, estagnação econômica, carestia, concentração da renda e da propriedade e forte deterioração de indicadores sociais.
Lá fora, após as reuniões do FMI, houve uma mudança coordenada por parte dos bancos centrais na direção de sinalizar maior preocupação com a inflação global e a necessidade de ajustes em suas políticas monetárias. Leia-se, alta de juros e redução de liquidez.
Neste contexto, o valor dos títulos das entidades corporativas cai. Especialistas apontam que as evidências históricas mostram os problemas relacionados às firmas-zumbis (mortas-vivas), muito dependentes de financiamento bancário por longos períodos para sobreviver. Isso fragiliza a qualidade do endividamento empresarial, implicando aumento de custos e riscos para o sistema financeiro e para a economia real.
Mas não para por aí. O Brasil tem hoje 8 famílias a cada 10 endividadas que transferem, em média, 30% do que ganham para juros e amortização aos credores. Mesmo assim o Banco Central independente, mas capturado pelo rentismo, não se sensibiliza com o sofrimento dos brasileiros e sobe aceleradamente, com os juros básicos da economia engordando os lucros da malta bancária e prejudicando a produção e o emprego.
No mundo, a OIT já previa que o desemprego global alcançaria 205 milhões de pessoas em 2022, um aumento de 18 milhões em relação ao nível de 2019. Mulheres e jovens são as maiores vítimas da depressão do mercado de trabalho.
No Brasil, este ano, a modesta recuperação na taxa de participação da população economicamente ativa no mercado de trabalho veio acompanhada de forte deterioração da qualidade do emprego. O IBGE estima que, das ocupações existentes, 38,3 milhões são informais, e que 6,6 milhões trabalham menos do que desejariam.
O desemprego atinge 12 milhões de pessoas, e os trabalhadores subutilizados (desempregados + desalentados + subutilizados) chegam a 27,6 milhões, quase 1/4 de toda a força de trabalho. A recuperação do emprego formal exaltada pelo governo federal resulta, basicamente, da combinação de três fatores: 1) formalização de empregos informais; 2) novos postos de trabalho de baixo salário; e 3) elevação de contratos intermitentes e parciais.
A história nos ensina que as forças produtivas são o resultado da energia prática dos homens, mas essa mesma energia é circunscrita pelas condições em que os homens se acham colocados, pelas forças produtivas preexistentes. A sociedade é o produto da ação recíproca dos homens. Estes, aliás, não podem escolher, livremente, esta ou aquela forma social. Nada disso. A um determinado estágio de desenvolvimento das características produtivas correspondem determinadas formas de comércio e consumo.
O desafio das candidaturas em disputa pelo voto neste ano é trazer soluções efetivas para as situações concretas do cotidiano de uma população sofrida, mas esperançosa.