O Banco JP Morgan reduziu a previsão do PIB do primeiro trimestre do Brasil de -2,0% para -5,0%, na comparação trimestre contra trimestre, citando os efeitos de base da revisão em alta para a perspectiva do quarto trimestre.
Agora vemos PIB do quarto trimestre + 10,0%, reduzindo a contração de 2020 de 4,6% para 4,3%. Enquanto isso, o lucro recorrente das três principais instituições financeiras privadas brasileiras, no quarto trimestre do ano passado, atingiu quase 20 bilhões de reais.
Em contrapartida, este ano parece fraco – a previsão do PIB para 2021 é de, apenas, + 2,6% – (consenso do mercado é +3,5 %). Os indicadores antecedentes denominados PMIs do Brasil mostram que a economia contraiu em janeiro, pela primeira vez desde julho passado, conforme a segunda onda do COVID-19 se espalhava.
O indicador de Serviços – PMI atingiu apenas 47,0 pontos, versus 51,1 em dezembro. Isso comprova que a atividade produtiva do primeiro trimestre do ano que se inicia parece bem fraca.
Na política, o movimento vencedor de controle governamental das mesas diretoras no Congresso nos faz recordar a definição de cinismo de Oscar Wilde: “Um cínico conhece o preço de tudo, mas o valor de nada”.
A classe dominante de um país periférico como o nosso necessita de um instrumento para dirigir politicamente o conjunto da sociedade e este instrumento é o Estado moderno, notadamente o domínio das leis – monopólios do legislativo e do judiciário e seus agentes políticos muito bem pagos.
E para isso torna-se consensual e buscam organizar aparelhos ideológicos, cuja função é construir o caminho da aceitação em torno das idéias dominantes, notadamente a cultura, os meios de comunicação e difusão educacional, bem como as igrejas. O mantra do tempo presente é a austeridade fiscal que retira direitos, mercantiliza serviços públicos e reduz o poder de compra da força de trabalho pelo desemprego em massa.
No Brasil, estranhamente, o mesmo receituário aplicado pelos EUA e União Européia de estímulo fiscal para recuperar a economia e o nível de ocupação da força de trabalho é fortemente repreendido pelo sistema financeiro nacional e internacional. Tal qual colônias produtoras de matérias primas, estamos fadados ao desenvolvimento do subdesenvolvimento, nos termos apresentados pelo genial Andre Gunder Frank.
Nesse contexto histórico, os três grandes eixos de luta do povo brasileiro, ao longo de cinco séculos de existência estão na busca pela liberdade e democracia, bem como pela independência e soberania e finalmente (mas não menos importante) a luta pelo progresso social e bem estar da maioria trabalhadora de nossa rica nação. Vivemos uma intensa mudança de época. Infelizmente estamos nos tornando conservadores por acreditar que o passado pode se reproduzir no futuro sem luta.