Diante de uma conjuntura internacional desfavorável, o Brasil segue incapaz de mover o rentismo de sua zona de conforto;
A conjuntura internacional revela-se cada dia mais complexa. A desaceleração do comércio internacional, o baixo crescimento na área do EURO e a leve aceleração dos juros americanos afetam, com vigor, o comportamento dos preços das principais matérias primas exportadas, pelos países da periferia capitalista.
No Brasil, apesar da briga política intensa no seio da elite dirigente, a meta é reduzir os custos e encargos incidentes sobre a força de trabalho, para almejar um lugar na locomotiva do desenvolvimento, puxado pela forte aceleração da cumulação de capital asiática. Nesse ambiente, com industrialização acentuada, incorporação de progresso técnico e alto grau de sofisticação produtiva destacam-se também Alemanha e Japão. No centro do jogo, os Estados Unidos lutam pela reindustrialização de sua economia, hoje sustentada por gastos militares, serviços tecnológicos e sistema financeiro robusto.
O Brasil, sem planejamento, caminha ao sabor dos ventos da conjuntura e segue incapaz de superar o rentismo, que vai custar somente este ano, cerca de 300 bilhões de reais, na forma de juros da dívida interna. Diante da incapacidade de geração de saldos primários no orçamento fiscal, este montante expressivo será incorporado à volumosa divida interna. Nossos juros reais (descontados da expectativa de inflação) de tão altos deprimem as oportunidades lucrativas de investimentos produtivos e retardam a superação do desemprego, um verdadeiro excedente estrutural de mão de obra. Agenda liberal de “reformas” e políticas sociais de alto impacto, como a sociedade exige parecem não combinar nos dias atuais. Vivemos uma guerra de todos contra todos.
A saída do impasse é político. Nesse contexto, para a chegada de mudanças reais é necessário que os donos do dinheiro não possam continuar vivendo e governando como vivem e governam. Só quando “os de baixo” não querem e os “os de cima” não podem continuar vivendo como antes, que então pode triunfar a luta por melhorias para quem verdadeiramente contribui com a geração das riquezas produzidas na sociedade.