Com o desaquecimento do mercado petrolífero, Estados e Municípios brasileiros produtores desta matéria prima terão que buscar novas fontes de receitas, porque a cotação tende a continuar em baixa nesses tempos de pandemia, ainda que o cartel da OPEP e produtores independentes tenham chegado a um acordo para equalizar preços.
Para a economia do Brasil, o baque também é grande. O petróleo representa de 10% a 15% dos investimentos realizados no país, além de responder por 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
A Petrobras é o grande motor de investimentos interno no setor, criando uma cadeia de fomento à economia, mas a conjuntura internacional levou a estatal a cortar gastos e investimentos.
“As compras que a Petrobras faz diminuem. Os investimentos da estatal também vão diminuir, assim como ela já anunciou uma queda na produção no patamar de 200 mil barris por dia. Tudo isso tem efeito de depressão sobre os investimentos na economia brasileira”, destaca o economista José Mauro de Morais, coordenador de Estudos de Petróleo, no Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), em entrevista à agência Sputnik.
Ele alerta que os Estados produtores já sentem o reflexo da depreciação do preço do petróleo, devido a queda nos repasses mensais de royalties. De acordo com reportagem de O Globo, ainda neste mês a Petrobras inicia a parada de de várias plataformas para atingir a redução de 200 mil barris/dia.
Representantes dos petroleiros estimam que cerca de 50 plataformas podem ser paralisadas, afetando 2,6 mil trabalhadores, que deverão ser realocados em outras funções ou desligados aderindo ao programa de demissão voluntária.
“Isso serve para lembrar aos estados que as receitas do petróleo são muito instáveis. Não se pode confiar muito. A produção de petróleo diminui ou há queda muito abrupta nos preços”, lembrou Morais.
O economista também destaca que as projeções apontam que o petróleo deixará de ser uma mercadoria importante no prazo de 15 ou 20 anos, período em que o mundo deverá acentuar a migração para energias renováveis.
“Os Estados têm que criar alternativas para substituir as receitas do petróleo, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo”, disse.