Sem dinamismo produtivo, o Norte Fluminense impõe um vestibular de equilíbrio fiscal para os prefeitos e uma triste realidade para a população;
A conjuntura regional no norte fluminense revela-se cada dia mais complexa. A desaceleração do comércio internacional e a lenta aceleração dos juros norte-americanos afetam, com vigor, o comportamento dos preços das principais matérias primas exportadas pela região, notadamente minério de ferro pelo Porto do Açu, petróleo da Bacia de Campos e açúcar. Sem dinamismo produtivo, a arrecadação fiscal das municipalidades se enfraquece. Para cumprir compromissos com saúde pública, educação básica, mobilidade urbana, iluminação pública e coleta de lixo, os novos prefeitos estão enfrentando um rigoroso vestibular de equilibrismo fiscal.
NA IMAGEM ACIMA Fila na frente do Restaurante Popular Romilton Bárbara, na cidade de Campos dos Goytacazes. Estabelecimento era mantido pela prefeitura servindo refeições por R$ 1, mas foi fechado pelo prefeito Rafael Diniz (PPS)
O teatrólogo Bertolt Brecht sempre propunha às suas plateias o prazer de se libertar das falsas verdades que escondem a ordem vigente. Então vamos aos fatos. A crise financeira força os dirigentes locais a saídas heterodoxas de alto custo político e social. É o caso da duplicação do preço da tarifa social do transporte público na capital do açúcar e do petróleo do norte fluminense. Cerca de 200 mil usuários deslocam-se de suas casas ao trabalho pelo transporte coletivo. Assim, a partir dessa segunda feira gastarão mais dois reais (mais 100%) diariamente.
Supondo 24 dois dias úteis isso representa R$ 48 reais mensais por cada trabalhador. Dinheiro que antes era usado para pequenas compras no comércio local. Trata-se, na verdade, de uma tributação de emergência, diante da forte restrição fiscal e financeira do poder público local. Uma espécie de IPTU extra, dado que, em média o valor deste tributo a ser pago em suaves prestações mensais é de R$ 35 reais.
Analisando o comportamento da produção petrolífera brasileira, o pesquisador Roberto Moraes observa que a produção da Bacia de Campos, em breves três anos, caiu de 67% do total nacional, para apenas 47%. Enquanto no mesmo período, a Bacia de Santos e sua dinâmica produção na camada pré-sal saiu de parcos 16% para 42%. Mantendo essa tendência, logo vai ultrapassar a líder de outrora. Menos 245 mil barris dia representa menos renda, empregos e menos royalties. Simples assim.