Pedido de levantamento junto ao TCE-RJ busca informações sobre dinheiro que prefeitura pagou em construções de Clínicas da Família;
*Com Edison Corrêa
O vereador do Rio de Janeiro Paulo Pinheiro (PSOL) deu entrada nesta terça-feira (16) em um pedido de levantamento junto ao Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM/RJ) para saber quanto foi investido em contratos firmados entre a gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (MDB) e empreiteiras responsáveis pelas construções das Clínicas da Família. Em uma inspeção feita esta semana na Clínica da Família do Grajaú/Andaraí, na Zona Norte, o parlamentar constatou que, apesar de inaugurada em 2016, a unidade médica está de portas fechadas até o momento.
As empreiteiras responsáveis pelas obras são a Engetécnica Serviços e Construções, de propriedade da família do deputado estadual André Lazaroni (MDB), e a M&P Construções e Participações, que recebeu R$ 105.269.967,48 no contrato com o município.
No dia 5 de janeiro, o Portal VIU! publicou uma reportagem especial sobre a Clínica da Família do Grajaú/Andaraí, denunciando os possíveis motivos da unidade estar fechada, mesmo com um cadastro com quase 30 mil usuários aguardando por atendimento. A reportagem apurou que, para funcionar, a instituição depende apenas das ligações de energia elétrica que não foram finalizadas. Segundo a Light, há uma dívida da Prefeitura com a empresa que vem impossibilitando o atendimento à gestão municipal. Além disso, há pendências técnicas no padrão de medição no poste de energia instalado pela construtora terceirizada.
Na visita a Clinica da Família do Grajaú/Andaraí, Pinheiro constatou que a unidade permanece de portas fechadas. “Ela foi inaugurada naquele grupo de clínicas que o Eduardo Paes [ex-prefeito] inaugurou no final da sua gestão, em 2016. Ela é absolutamente necessária, mas não poderia ter sido feita [a inauguração] como foi, com o prefeito jogando os recursos do seu custeio para o governo seguinte. O governo Crivella [atual prefeito Marcelo Crivella] tem que resolver o problema, não pode continuar desta maneira. É absurdo imaginar que a clínica não funciona porque a Light não consegue fazer a ligação da luz”, comenta o vereador.
Segundo ele, o impasse entre a Light e a prefeitura pode ter como motivação um repasse no valor de R$ 60 milhões que a companhia deixou de receber do poder municipal, referente à construções das clínicas. O pagamento da quantia seria a condição para a finalização dos serviços na unidade médica do Grajaú. “Vamos fazer um requerimento e direcionar à Riourbe para que eles possam nos explicar o motivo da energia não ser ligada nesta clínica, que segredo é este que a Light não deixa esta unidade funcionar”, conta o vereador.
A localidade escolhida para a construção da clínica foi outro fator de crítica por parte do vereador. “O local também não é apropriado, uma ladeira enorme para pacientes idosos e hipertensos não é um bom lugar”, acrescenta Pinheiro. Em contato com o secretário de Saúde, Marco Antônio de Mattos, o vereador foi informado de que não há nenhuma previsão de abertura do local.
Os vereadores Renato Cinco e Tarcísio Motta (ambos do PSOL) também estiveram na Clínica da Família nesta terça (16). Em um vídeo gravado no local, Cinco comenta que a visita ao lugar aconteceu para se entender o motivo da unidade ainda estar fechada, garantindo “medidas cabíveis” para a abertura do local e atendimento dos moradores.