Escritor diz que cidade vive um marasmo, critica projetos elitistas e sugere que artistas se desatrelem do governo;
Da redação
Na floresta do escritor Deneval Siqueira de Azevedo Filho (regido por Oxóssi, orixá da caça), o que não falta é bambu para abastecer suas flechadas. O alvo do arqueiro é a política cultural de Campos dos Goytacazes, sua terra natal.
Vivendo entre a cidade do Norte Fluminense (onde seus pais continuam morando), Vitória-ES, Salvador-BA e o exterior para atender uma agenda movimentada ao longo do ano, ele se diz impressionado com o marasmo da política cultural do prefeito Rafael Diniz (PPS), sob o comando da coordenadora de Cultura, Maria Cristina Lima.
“Não é uma cultura para o povo. Estão fazendo cultura para a elite, onde não se valoriza o patrimônio turístico e cultural”, alfineta o escritor que também é cronista de VIU!.
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A crítica, numa comparação alegórica, traça um cemitério cultural onde estão sepultadas iniciativas bem sucedidas, como o Pólo de Cinema, o Conselho Municipal de Cultura e o Prêmio de Cultura Alberto Lamego.
Os dois primeiros tópicos foram lançados em sua gestão à frente da Gerência de Cultura do município, em 2008, assim como o resgate do Prêmio Alberto Lamego.
A última entrega do prêmio foi em 2014, na gestão do ex-presidente da Fundação Municipal Trianon, João Vicente Alvarenga.
“A única forma da cultura sobreviver nesta cidade é se desatrelar do poder público. É o que já faz de forma individual, por exemplo, o poeta Arthur Gomes. É preciso levar as mais diferentes manifestações para as ruas ”, afirma.
Acadêmico respeitado no Brasil e no exterior, com recente participação na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), o escritor recentemente foi convidado para realizar uma oficina de literatura no Festival Doces Palavras (FDP), iniciativa independente, que terá apoio da prefeitura.
“Atendi ao convite do curador Wellington Cordeiro. Eu custearia do próprio bolso minhas passagens aéreas de Salvador à Vitória. Já de Vitória a Campos, viria de ônibus executivo, com passagens no valor de R$ 160. Este custo ficaria por conta da organização da feira. Cancelei quando fui informado que não haveria dinheiro para pagar as passagens”, lembra.
A participação foi cancelada porque a Prefeitura se negou a custear as passagens de ônibus, um valor insignificante para um escritor de renome internacional, com livros publicados no exterior.
Ainda este ano, Deneval lançará “O Brasil é um escambo – Literatura Telúrica e Memória Cultural: o Brasil e o Outro – Da Carta ao Golpe” (Editora CRV-Curitiba). Trechos da publicação analisam a obra de poetas locais, como Múcio da Paixão, Adriano Moura, Flávia D´Ângelo e Zedir Carvalho.
Em Campos o lançamento (em data a ser definida) será em praça pública, com diferentes manifestações culturais, como arte circense, capoeira, arte urbana, poesia, cinema e arte indígena.
“O lançamento será um reencontro da cidade com a cultura ao ar livre” disse.
*Agência VIU!