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Campeões do mundo! O golpe e a teatralidade 

Deneval Siqueira Por Deneval Siqueira
21/05/2021 - 10:33
em Arte
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Eles não usam Black Tie

Cena do filme Eles Não usam Black Tie | Foto: Reprodução

Compositores como Chico Buarque, Caetano Veloso e Geraldo Vandré atacavam de maneira mais ou menos velada a tortura, o autoritarismo, a censura. No Festival de Música Popular, promovido pela TV Record, em 1967, UM ANO ANTES DO DECRETO DO AI-5, Edu Lobo e Capinam levaram o primeiro prêmio, com “Ponteio”. 

A música tem batida sertaneja e alusão à violência dos militares na letra. Nas entrelinhas, eles pediam o fim da ditadura: “Certo dia que sei / Por inteiro / Eu espero não vá demorar / Este dia estou certo que vem / digo logo o que vim / Pra buscar (…) / Vou ver o tempo mudado / E um novo lugar pra cantar”.

O pensamento marxista marcava o Cinema Novo de Nelson Pereira dos Santos, Leon Hirszman e Glauber Rocha, que não só exibiam a miséria do país, mas a colocavam no centro de sua linguagem. Era a chamada “estética da fome”. 

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No teatro, grupos como o Oficina e o Teatro de Arena baseavam-se em peças de alto teor político e na irreverência das montagens, que desobedeciam a convenções estabelecidas e procuravam quebrar a passividade do público.

Na realidade, o movimento de politização da população e da cultura havia despontado antes do golpe de 1964. 

O nacionalismo, a politização e o desejo de mudança, tanto na linguagem teatral quanto na sociedade brasileira, estavam entre os pilares de grupos surgidos na década de 1950, como o Teatro de Arena e o Oficina. Isso transpareceu em espetáculos como Eles Não Usam Black-Tie (1958), de Gianfrancesco Guarnieri, com o Teatro de Arena, que trata de uma greve operária, colocando moradores de favelas em cena.

Essa peça, na esteira do debate sobre as reformas de base do governo João Goulart, estava ligada à atuação do Centro Popular de Cultura da UNE, o CPC. O CPC viabilizava, por exemplo, a encenação de peças de teatro junto a associações de trabalhadores, na porta de fábricas ou na zona rural. 

A primeira atitude do governo militar foi de estancar esse processo, na tentativa de dissolver as conexões entre a cultura de esquerda e as classes populares. O CPC, o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) e o Movimento de Cultura Popular do Recife foram fechados.

Nessa primeira fase da ditadura, artistas e intelectuais de esquerda foram poupados e puderam continuar a produzir em liberdade. Com o Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em dezembro de 1968, a repressão recrudesceu: artistas e intelectuais foram presos e precisaram deixar o país, não raro na condição de exilados.

Ponto de Partida (1976), de Gianfrancesco Guarnieri, direção de Fernando Peixoto, com Gianfrancesco Guarnieri, Martha Overbeck, Othon Bastos, Sérgio Ricardo e Sônia Loureiro estreou em setembro de 1976, no Teatro de Arte Israelita Brasileiro. Na peça, Guarnieri volta à alegoria, depois de Um Grito Parado no Ar. 

Numa hipotética aldeia medieval, um poeta e humanista amanhece morto, misteriosamente enforcado na praça. Na peça, a hipocrisia prevalece, garantindo a impunidade dos assassinos. Tratava-se de uma parábola criada com o intuito de aludir à morte do jornalista Vladimir Herzog, no ano anterior. 

O espetáculo teve música de Sérgio Ricardo. Guarnieri arrebata os prêmios Molière, Governador do Estado, Mambembe e APCA de melhor texto. Por sua vez, Hilda Hilst escreveu O Verdugo (1969), vencedor do Prêmio Anchieta, em 1969, um ano após a instituição do AI-5. Não foi censurada. Escreveu A possessa (1967), O rato no muro (1967), O visitante (1968), Auto da Barca do Camiri (1968), O novo sistema (1968), As Aves da Noite (1968) e A Morte do Patriarca (1969). 

Um dos objetos de estudo do livro futuro será o vencedor do Prêmio Anchieta de 1969, O Verdugo, em análise comparativista à Ponto de Partida, de Guarnieri, usando como instrumental teórico as correntes da estética da recepção e o teatro épico de Bertolt Brecht.

Dias Gomes, adiantando conclusões futuras, pesquisas teórico-práticas e histórico-críticas, me levam a ver uma obra abrangente de uma representatividade única que dá ao seu texto dramatúrgico uma condição paradigmática do teatro brasileiro contemporâneo, constituindo-se num parâmetro (e quem sabe único) que permite diferenciar as principais linhas de força de um conjunto de obras durante sua trajetória histórica de produção e recepção. 

Considerando o momento histórico dos dias atuais, dois são os motivos principais que conferem à dramaturgia de Dias Gomes esse caráter paradigmático: a continuidade na ordem temporal e a natureza integrativa de que se reveste sua obra, tanto no plano temático e conteudístico como no nível da expressão dramática.

No que diz respeito ao primeiro desses aspectos, convém lembrar que Dias Gomes inaugura, juntamente com Nelson Rodrigues, o período considerado como “moderno” do teatro nacional, nos inícios da década de 1940, do século XX. 

Durante o período em que produziu, sua produção dramática foi constante e ininterrupta (mesmo quando o veículo foi diverso do palco). Seus textos teatrais mais polêmicos e censurados são: A Invasão (1960), O Túnel (1968), Amor em Campo Minado (1969) e Campeões do Mundo (1980), unidos por um denominador comum: o fato de sua ação dramática se organizar em tono de algum momento característico do pós-golpe militar de 1964. Pode-se por isso dizer que formam um ciclo das peças proibidas de Dias Gomes, citadas acima.

Todo este estudo faz parte do meu próximo livro – Campeões do mundo: teatralidade e ditadura militar pós-64, que sairá no 2º semestre, pela Editora CRV (PR). Trarei mais algumas considerações sobre a época, o pensamento brechtiano e censura nos próximos artigos.

Tags: #CinemaNacional#Cinemas#Deneval Siqueira de Azevedo Filho#TeatroPopular
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Deneval Siqueira

Deneval Siqueira

Pós-Doutor e professor Titular de Teoria e História Literária Centro de Ciências Humanas e Naturais Programa de Pós-graduação em Letras - Doutorado e Mestrado em Estudos Literários da UFES

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