“A arte apenas faz versos, só o coração é poeta”. Esse sentimento expresso por André Chénier (poeta associado aos eventos da revolução francesa, 1762 a 1794) sintetiza um outro André. Multifacetado, ele é ator, produtor artístico, rapper e (claro), poeta. E como todos, um louco, dramático, sensível, intenso na sua arte.
André Santana nasceu em Campos dos Goytacazes (RJ), Norte Fluminense, e veio para Niterói com a família ainda criança. Filho de uma professora e um operário das plataformas petrolíferas, morou no centro, à rua Visconde de Uruguai, onde (peralta), quase morreu ao cair na cisterna, sendo salvo pelo vizinho.
Tinha três anos. Bom aluno, aos seis deu os primeiros passos na arte no extinto Teatro Leopoldo Fróes em coreografias teatralizadas de fim de ano da escola Sininho de Ouro.
Com a separação dos pais, mudou-se para o bairro Venda da Cruz com a mãe. Ali viveu a adolescência rebelde de braços dados com o rock. Sonhava em ser um “Renato Russo”, não perdia nenhum show das bandas de rock brazuka em ascensão. Nessa época começou a fazer paródias exercitando a criatividade.
Com a chegada do Rap Rasteiro ao Rio em 1993, André escreve sua primeira letra de protesto sobre a chacina de Vigário Geral. Rimava com facilidade, não parando mais. Tinha 19 anos.

EMERGE O POETA
Mas foi no Liceu Nilo Peçanha que viu sua poesia tomar força ao participar de um festival levando por dois anos consecutivos o prêmio de melhor intérprete.
“O Liceu sempre respirou cultura e política. Participei do Grêmio e articulei eventos junto aos companheiros de militância estudantil, como o Festival de Bandas”, disse.
O Funk carioca explodiu e Santana começou a gravar ao som do Volt Mix e Miami Bass. Mesmo quando não gravava sempre esteve ligado a música e sua produção. O poeta sempre esteve presente. Entre 1998 e 2005 participa de vários festivais de poesia como “Os Grandes Poetas do Brasil” e o “Festival Carioca de Poesias”, arrebatando sempre o prêmio de melhor poesia ou intérprete.
No teatro trabalha com Iverson Carneiro, Marco Polo e Beth Araújo. Seu espetáculo “Poemas e Canções” está em cartaz há 12 anos, reunindo teatro, música e poesia com as parceiras Débora Ojeda no violão e Fabiana do Vale na percussão.
Em 2006 flerta com o cinema no curta “Sinceridade”, de Wagner Moraes.
Como poeta reúne seu melhor no livro “Fina Flor”, lançado em 2009. Em 2006 cria sua produtora, a Mironga Produções Artísticas e desde então produz a Coof Cia Teatral, Os Ciclomáticos, Lucinha Canto entre outros artistas.
Em 2019 volta à música e lança “Brota Carol”, trap funk que alcançou sucesso nas plataformas digitais. Seu mais novo trabalho é “Anja Bandida”, que caminha rumo às paradas de sucesso.
Onde alguns o viam como louco e sonhador por se dizer artista sendo pobre, pardo e da periferia, ouvir André Santana é necessário. Vida longa, evoė.